sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

O Caminho de Emaús


 

Lucas 24.13-53

"13 Nesse mesmo dia, iam dois deles para uma aldeia chamada Emaús, que distava de Jerusalém sessenta estádios; 14 e iam comentando entre si tudo aquilo que havia sucedido. 15 Enquanto assim comentavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou, e ia com eles; 16 mas os olhos deles estavam como que fechados, de sorte que não o reconheceram. 17 Então ele lhes perguntou: Que palavras são essas que, caminhando, trocais entre vós? Eles então pararam tristes. 18 E um deles, chamado Cleopas, respondeu-lhe: És tu o único peregrino em Jerusalém que não soube das coisas que nela têm sucedido nestes dias? 19 Ao que ele lhes perguntou: Quais? Disseram-lhe: As que dizem respeito a Jesus, o nazareno, que foi profeta, poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo. 20 e como os principais sacerdotes e as nossas autoridades e entregaram para ser condenado à morte, e o crucificaram. 21 Ora, nós esperávamos que fosse ele quem havia de remir Israel; e, além de tudo isso, é já hoje o terceiro dia desde que essas coisas aconteceram. 22 Verdade é, também, que algumas mulheres do nosso meio nos encheram de espanto; pois foram de madrugada ao sepulcro 23 e, não achando o corpo dele voltaram, declarando que tinham tido uma visão de anjos que diziam estar ele vivo. 24 Além disso, alguns dos que estavam conosco foram ao sepulcro, e acharam ser assim como as mulheres haviam dito; a ele, porém, não o viram. 25 Então ele lhes disse: ó néscios, e tardos de coração para crerdes tudo o que os profetas disseram! 26 Porventura não importa que o Cristo padecesse essas coisas e entrasse na sua glória? 27 E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicou-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras. 28 Quando se aproximaram da aldeia para onde iam, ele fez como quem ia para mais longe. 29 Eles, porém, o constrangeram, dizendo: Fica conosco; porque é tarde, e já declinou o dia. E entrou para ficar com eles. 30 Estando com eles à mesa, tomou o pão e o abençoou; e, partindo-o, lho dava. 31
Abriram-se-lhes então os olhos, e o reconheceram; nisto ele desapareceu de diante deles. 32 E disseram um para o outro: Porventura não se nos abrasava o coração, quando pelo caminho nos falava, e quando nos abria as Escrituras? 33 E na mesma hora levantaram-se e voltaram para Jerusalém, e encontraram reunidos os onze e os que estavam com eles, 34 os quais diziam: Realmente o Senhor ressurgiu, e apareceu a Simão. 35 Então os dois contaram o que acontecera no caminho, e como se lhes fizera conhecer no partir do pão. 36 Enquanto ainda falavam nisso, o próprio Jesus se apresentou no meio deles, e disse-lhes: Paz seja convosco. 37 Mas eles, espantados e atemorizados, pensavam que viam algum espírito. 38 Ele, porém, lhes disse: Por que estais perturbados? E por que surgem dúvidas em vossos corações? 39 Olhai as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e vede; porque um espírito não tem carne nem ossos, como percebeis que eu tenho. 40 E, dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e os pés. 41 Não acreditando eles ainda por causa da alegria, e estando admirados, perguntou-lhes Jesus: Tendes aqui alguma coisa que comer? 42 Então lhe deram um pedaço de peixe assado, 43 o qual ele tomou e comeu diante deles. 44 Depois lhe disse: São estas as palavras que vos falei, estando ainda convosco, que importava que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos. 45 Então lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras; 46 e disse-lhes: Assim está escrito que o Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressurgisse dentre os mortos; 47 e que em seu nome se pregasse o arrependimento para remissão dos pecados, a todas as nações, começando por Jerusalém. 48 Vós sois testemunhas destas coisas. 49 E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai porém, na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder. 50 Então os levou fora, até Betânia; e levantando as mãos, os abençoou. 51 E aconteceu que, enquanto os abençoava, apartou-se deles; e foi elevado ao céu. 52 E, depois de o adorarem, voltaram com grande júbilo para Jerusalém; 53 e estavam continuamente no templo, bendizendo a Deus."


 

<Contexto dos acontecimentos>

Recentemente, algo muito triste havia acontecido: o Mestre havia sido crucificado. Não bastasse ele ser morto, foi crucificado como um ladrão. Os discípulos que restaram, ou seja, os onze, ficaram perdidos e sem saber o que fazer. O seu Mestre havia deixado muitos ensinamentos, contudo, não lhes fazia muito sentido naquele momento. Eles permaneceram com Jesus três anos e o tinham como um grande amigo. Além disso, os discípulos deixaram as suas profissões, suas casas, seus bens, tudo, para seguir Jesus Cristo. Agora, com a morte dEle, o que eles fariam da vida? Aliás, essa era a pergunta que não queria calar nos corações deles. Talvez, em seus corações, eles deviam ter pensado em voltar às suas profissões. Mas, o seu Mestre acabara de morrer.

Em meio a tudo isso, estavam as mulheres que também seguiam Jesus. Se os discípulos continuassem com o ministério de Jesus, quem as sustentaria? Quem sustentaria eles também?

Alguns versículos antes, Pedro volta ao túmulo de Cristo e confere o que as mulheres espalharam por toda a vizinhança: o corpo de Cristo realmente não estava mais lá. Eles não sabiam o que estava acontecendo! Simplesmente, o corpo de Jesus não estava mais no túmulo.

Diante da situação, dois dos discípulos vão a um vilarejo chamado Emaús, que ficava bem pertinho de Jerusalém, cerca de 11 km. Seria uma caminhada de aproximadamente três a quatro horas. Enquanto caminhavam, iam conversando sobre os fatos ocorridos recentemente. Eles estavam falando de Jesus, quando o próprio Jesus se aproximou deles, mas não lhe reconheceram. Sem conhecê-Lo e nem ao menos perguntar o seu nome, foram conversando e caminhando na mesma direção, o povoado de Emaús.

Mas, o que aconteceu com os discípulos para que eles não conseguissem identificar o seu Mestre? Houve um esfriamento espiritual.


 

<Esfriamento espiritual>

O que aconteceu com os discípulos ainda acontece nos dias de hoje. Entende-se por esfriamento espiritual o ato de afastar-se da presença do Senhor e não mais ver a Sua atuação na humanidade. Existem vários sintomas da doença do esfriamento espiritual de uma pessoa. Alguns desses sintomas os discípulos possuíam.


 

1) Falta de Oração

A oração é a conversa que temos com nosso Senhor. Se deixarmos de conversar com uma pessoa comum, depois de um tempo, essa pessoa cai no esquecimento. Assim é com Deus! Se deixarmos de conversar com Deus, depois de um tempo, com certeza, Ele cairá no esquecimento.

Deus quer ser nosso amigo e quer que conversemos com Ele a todo instante. Ele está sempre pronto a nos ouvir.

Muito provavelmente, os discípulos ficaram muito abalados com a morte de Jesus e deixaram de orar por aqueles dias. Percebe-se que eles não estavam em comunhão com Deus. Mesmo alguns dias antes, no Getsêmani, Jesus saiu para orar e os discípulos ficaram de longe e acabaram dormindo. A vida de oração deles já estava comprometida há tempos. Naquele dia, Jesus até ficou irado com eles pois teve que acordá-los por várias vezes.

Por isso, é muito importante termos uma vida de oração consistente. A oração é primordial no nosso relacionamento com Deus. Podemos dizer que é a base para a vida cristã. É também a base da igreja. Sem oração, a igreja ficará vazia e milagres não acontecerão em nosso meio. Tenhamos uma vida devocional consistente. Vamos orar não somente quando passarmos por dificuldades, mas orar constantemente (1Ts 5.17).


 

2) Falta de ouvir a Deus

Falamos que a oração é a conversa que temos com nosso Senhor. Contudo, muitas de nossas orações é um monólogo. A gente fica só falando, falando, falando e não dá tempo de Deus falar. Ele está só esperando nos calarmos para falar ao nosso coração.

Os discípulos no caminho de Emaús não conseguiram ouvir ao seu Mestre verdadeiramente. Podemos até pensar que eles não ouviam antes, enquanto Jesus estava no meio deles. Depois de tanto tempo juntos, como amigos, facilmente eles reconheceriam a voz do seu Mestre. Mas não foi isso que aconteceu! Eles não estavam preparados para reconhecer a voz de Jesus.

Muitas vezes, em nossa vida, deixamos de ouvir a voz de Deus e, por isso, fazemos as coisas erradas. Tomamos decisões erradas por não saber ouvir a Deus. Estejamos atentos à voz de Deus e peçamos discernimento do Senhor para ajudarmos a ouvi-Lo.


 

3) Cegueira Espiritual

No verso 16, a Bíblia nos fala que os discípulos "estavam com os olhos como que fechados". Os olhos espirituais deles estavam fechados e eles não conseguiram reconhecer Jesus. Eles mal estavam enxergando o mundo físico. Eles não conseguiram lembrar-se da aparência de Cristo. Estavam cegos espiritualmente. Mesmo a pregação de Jesus não surtiu efeito, pois eles não conseguiam enxergar Cristo nas profecias e nos Salmos.

Esse sintoma é muito grave! Quando o esfriamento espiritual de uma pessoa chega a esse ponto, tem que tomar muito cuidado. A própria pessoa não percebe que está cega espiritualmente e não vê a atuação de Deus em sua vida, ao seu redor, etc. A cegueira espiritual vai piorando de forma que a pessoa vai saindo de debaixo da bênção de Deus e entrando no mundo sem perceber.

A cegueira espiritual não permite que a pessoa enxergue as coisas que acontecem no mundo espiritual. Ilustração: uma pessoa cai endemoninhada ao lado de uma pessoa assim e ela vai diagnosticar epilepsia.

Estejamos atentos ao menor sintoma de cegueira espiritual! Precisamos ir muito mais além que os nossos olhos físicos podem ver. Acredite! Nesse momento está havendo uma batalha espiritual entre os anjos do Senhor contra os demônios de Satanás. Eles estão batalhando pela sua atenção à Palavra de Deus. Estão brigando pela sua vida. É por isso que temos que declarar a vitória sobre os demônios. É por isso que temos que declarar com firmeza a vitória sobre Satanás.

Vamos pedir ao Senhor para que abra os nossos olhos espirituais para que vejamos essa batalha que está acontecendo. Vamos pedir para que o Senhor não deixe que fiquemos cegos a ponto de não enxergar a ação dEle nas nossas vida. Ele está agindo! Ele está aqui agora! Ele cuida de você todos os dias! Não se esqueça disso...


 

4) Memória fraca

Naturalmente, o ser humano tem uma memória de curto e outra de longo prazo. Na memória de curto prazo ficam armazenados fatos que não tiveram muita relevância para a vida da pessoa ou aqueles que tiveram pouca emoção. Já os fatos que tiveram mais emoção e que trouxeram algo de produtivo, ou até improdutivo, esses acontecimentos ficam armazenados na memória de longo prazo. Essa memória é constantemente acessada e a nossa vida é em função dessa memória. O ideal seria que aprendêssemos com os erros próprios ou de outros. Mas, nem sempre é isso que acontece!

Como aconteceu com Israel no Antigo Testamento, as palavras caem no esquecimento. José levou toda a sua família para o Egito com a promessa de levantar uma grande nação dentro do país egípcio. Contudo, José morreu e os seus sucessores esqueceram-se das promessas de José e dos faraós que sucederam aquele. Assim, o povo de Israel foi escravizado no Egito e teve que ser liberto por Moisés.

Os discípulos, no texto que lemos, mostram claramente os sinais do esquecimento daquilo que Jesus havia lhes ensinado. Não passou muito tempo, mas mesmo assim, eles se esqueceram de muita coisa. É como na eleição, onde a gente acaba votando em um candidato que já roubou, mas a gente já se esqueceu de tudo o que ele fez de mal.

Valorize as bênçãos que o Senhor já te deu na sua infância, adolescência, casamento, etc. Deus está cuidando de você em todas as fases de sua vida. Ele já te deu tantas bênçãos e não se esqueça disso!


 

5) Falta de fé

Os discípulos não tinham a real dimensão do que era trabalhar na equipe de Cristo. Jesus operava grandes sinais e maravilhas no meio do povo. Os discípulos o acompanhavam até que de perto, contudo, muitas vezes não criam naquilo que estava acontecendo. Havia um problema de falta de fé, pois eles sabiam que Jesus era o Cristo, o próprio Deus.

Esse sintoma é bem evidente quando Jesus pergunta aos discípulos quem Ele é. A única resposta aproveitável foi a de Pedro, sendo que os outros responderam que Jesus era mais um profeta (no meio de tantos).

A fé é fundamental, pois é a base da vida cristã. Se não houver fé, não existe motivo para a existência da igreja. Não existe motivação de vida cristã. Sendo que a fé é a certeza das coisas que se esperam, e a convicção das coisas que se não vêem. Naquela época, os discípulos ainda viam a Jesus Cristo e podiam experimentar o seu poder ao vivo e à cores. Atualmente, não vemos a Jesus Cristo como pessoa. Apenas podemos experimentar o seu poder através da ação do Espírito Santo. Por isso temos que valorizar a fé como pilar da vida cristã. Sem fé, não podemos agradar a Deus.


 

O esfriamento espiritual é uma doença! Como conseqüência disso, eles perderam uma oportunidade de ouro de encontrar-se com o Mestre logo depois de Sua ressurreição. Eles estiveram com Cristo, mas O reconheceram.


 

<Andaram com Cristo, mas não O conheceram>

Os discípulos tiveram tempo suficiente para desenvolver uma intimidade grande com Jesus Cristo. Eles permaneceram juntos por três anos comendo, bebendo, dormindo, orando, enfim, convivendo intensamente nesse período. No entanto, percebe-se que os discípulos não desenvolveram essa intimidade com Cristo. O relacionamento deles era meio superficial. Apesar de Jesus ter dado todo o espaço para que eles tivessem esse relacionamento mais profundo.

Claramente, o fato de Jesus ter andado com os discípulos no caminho de Emaús e eles não O terem conhecido, mostra o esfriamento espiritual.

Às vezes, somos como esses discípulos que andam com Cristo, mas não O reconhecem. Jesus morreu, mas ressuscitou. Ele está vivo e no meio de nós! Ele está do nosso lado em todos os dias de nossas vidas. Ele está cuidando de nós. Entretanto, muitas vezes não O reconhecemos. Não vemos o agir dEle. Não conseguimos enxergar o grande mover dEle em nossas vidas.

Jesus Cristo não nos abandona (Hb 13.5b).


 

<Uma experiência que mudou a história da humanidade – v. 31: Abriram-se lhes os olhos>

O mais interessante da história no texto que lemos hoje é observar que os discípulos, apesar de estarem com Cristo por um bom tempo, eles não tinham um relacionamento profundo com Cristo, mas foram transformados.

Depois de estarem com Cristo boa parte da caminhada até o vilarejo de Emaús e participarem de uma refeição com o Mestre, no partir do pão, quando Jesus tomou o pão em suas mãos e deu graças, os discípulos O reconheceram. No versículo 31 diz que os seus olhos foram abertos. Nesse exato momento foi que os discípulos tiveram uma experiência genuína com Cristo.

O marco na vida dos apóstolos foi essa experiência com Cristo. Percebe-se que antes dessa experiência com Cristo, a os apóstolos tinham um relacionamento medíocre com Cristo. Contudo, depois disso, a história da igreja foi diferente.

A partir dessa experiência, os apóstolos se comprometeram em anunciar o evangelho de Cristo. A partir dessa experiência com Cristo os apóstolos louvavam ao Senhor no Templo continuamente

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