sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

O verdadeiro e o falso arrependimento



“Pois a tristeza que é usada por Deus produz o arrependimento que leva à salvação; e nisso não há motivo para alguém ficar triste. Mas as tristezas deste mundo produzem a morte.”
(2 Co 7.10 - NTLH)

O texto acima nos diz basicamente, dois tipos de tristezas: 1) a tristeza usada por Deus que produz o arrependimento para a salvação e; 2) a tristezas causadas pelos pecados no mundo.
Dentro do contexto, o apóstolo Paulo está falando sobre a sua primeira carta enviada aos coríntios, a qual confrontou os crentes em seus pecados. Embora os crentes de Corinto tenham ficado tristes, Paulo não ficou. Ao contrário, ele ficou feliz porque eles sentiram o peso do pecado e estavam no processo de mudança de vida. Ele então escreve para animar os crentes a continuarem firmes no processo de abandono do pecado e renovação de vida.
Mas como podemos diferenciar a tristeza usada por Deus que produz o arrependimento para a salvação do falso arrependimento que é causa dos pecados mundanos? Exige que observemos alguns pontos.

“... a tristeza que é usada por Deus produz o arrependimento que leva à salvação; e nisso não motivo para alguém ficar triste...”

A tristeza que produz o arrependimento que leva à salvação é para o bem. Apesar de ter o sentimento de tristeza, há uma mudança de sentimento e de opinião em relação ao pecado. Na verdade, o indivíduo peca por considerar o pecado como um prazer ou algo gostoso. Essa atitude em relação ao pecado tem que mudar. O pecado tem que ser algo aborrecível, detestável e assombroso. Se a pessoa continuar considerando o pecado como algo prazeroso, ela continuará pecando por querer satisfazer o desejo da carne, que tende para a auto-satisfação. O pecado tende a viciar, cegar, dominar, controlar, escravizar e destruir. Por isso devemos odiar o pecado.
Não devemos odiar o pecado somente por causa do medo da justiça de Deus. O temor do peso da mão de Deus deve ser uma motivação secundária para a mudança de atitude em relação ao pecado. Conhecendo as tendências e as conseqüências do pecado, deve haver uma mudança de opinião e de mente. Tomemos a consciência de que o salário do pecado é a morte e inculquemos em nós um sentimento de aversão em relação ao pecado.
Se não houver um arrependimento verdadeiro, uma profunda tristeza usada por Deus produzindo no pecador o arrependimento que leva à salvação, esse indivíduo morrerá eternamente. Quem está em pecado, está caminhado para a sua morte.
Por outro lado, se houver um arrependimento genuíno, podemos ver a mudança de ponto de vista em relação ao pecado. O que antes era normal, agora é abominável para essa pessoa. O que antes ela costumava fazer, às vezes até inconscientemente, agora é detestável e a causa uma profunda tristeza. Quando há um arrependimento genuíno, a disposição a pecar desaparece e a pessoa passa a evitar situações ou atitudes que conduzem ao pecado. Esse é um ponto chave! Quem realmente experimentou esse arrependimento, passa a conhecer seus limites e até onde pode chegar. Sabendo disso, a pessoa não deve chegar muito perto do seu limite.
Uma pessoa pode pecar inconscientemente porque o pecado já foi concebido no seu coração. Mas, com esforço e um arrependimento genuíno, o seu coração passa por uma varredura e um novo ser nasce. A tristeza segundo Deus que produz a salvação é aquela que há o verdadeiro arrependimento, confissão de pecados e há também a restituição. Podemos citar o exemplo bíblico de Zaqueu, que quando se arrependeu dos seus roubos prometeu restituir quatro vezes mais. Quando há o arrependimento genuíno, tudo o que foi perdido ou roubado é restituído.
Um dos sinais visíveis do verdadeiro arrependimento na vida de uma pessoa é a mudança de conduta. É importante que a pessoa demonstre através dos seus atos que mudou. É importante para si mesmo mostrar e reafirmar a mudança de conduta pessoal. Se houve arrependimento, deve haver essa mudança. Eis que tudo se fez novo! A sua vida também deve se transformar numa vida nova. Não se pode mais continuar nas práticas antigas do pecado. Deve haver uma mudança de vida.
Outro sinal do verdadeiro arrependimento que leva a pessoa à salvação é a firmeza em sua nova vida. A pessoa não se arrepende do seu arrependimento. Não volta atrás no seu arrependimento e continua sempre firme. Há algumas pessoas que se arrependem e depois voltam atrás na sua decisão e voltam a praticarem os seus pecados de antigamente. Essas pessoas não experimentaram o verdadeiro e genuíno arrependimento. O verdadeiro arrependimento traz segurança da nova vida e uma paz no coração. A pessoa verdadeiramente arrependida consegue se desprender da sua vida antiga sem sentir saudades e crendo que a sua nova vida é bem melhor.
A tristeza segundo Deus, na verdade, não é um triste! Não é motivo para se entristecer! A tristeza segundo Deus é motivo de alegria porque Deus está trabalhando e revelando a verdade em seu coração. É uma tristeza passageira, mas logo a pessoa verdadeiramente arrependida enxergará o mover de Deus e verá que foi o melhor para ela. Sendo assim, a alegria tomará conta do seu coração em sua nova vida.

“...Mas as tristezas deste mundo produzem a morte...”

Essa é a tristeza que leva a pessoa ao inferno, à morte. É um falso arrependimento. É a tristeza causada pelo pecado, mas sem o mover sobrenatural de Deus sobre a vida do pecador. É a tristeza segundo o mundo e não segundo Deus.
O falso arrependimento não se fundamenta numa mudança de opinião. É possível até que a pessoa sinta um mal-estar e uma tristeza muito grande quando o pecado ou erro é trazido à tona, mas a pessoa não se sente magoada ou arrependida de tal fato. Embora haja a tristeza em seu coração, não é como a tristeza segundo Deus. A pessoa sente apenas um remorso muito grande ou uma profunda dor por causa do medo da manifestação da ira de Deus ou de outras pessoas. É um remorso porque sabe que as conseqüências alcançarão a vida desse indivíduo.
O falso arrependimento pode estar fundamentado apenas em princípios egoístas de preservação, ou seja, o indivíduo começa e pensar no que as outras pessoas vão dizer dele. O pecado pode ter trazido uma má reputação para ele, mas, em seu coração, o sentimento de cobiça e desejo carnal ainda reina. A pessoa até tenta zelar pela sua reputação, mas a cobiça enraizada em seu coração é muito maior.
Uma característica visível do falso arrependimento é a falta de transformação do sentimento da pessoa em relação ao pecado. O indivíduo continua sentindo o forte desejo de pecar. Ele continua considerando o pecado gostoso e isso já o acorrentou. Em vez de se afastar do pecado, a pessoa faz planos de como pecar e maquina o mal em sua cabeça. O seu coração já não produz uma grande tristeza, mas um remorso temporário e, até mesmo outras áreas onde a pessoa já poderia ter experimentado o verdadeiro arrependimento são deturpadas novamente.
Algumas pessoas mentem para encobrir seus pecados! Isso cria uma corrente pecaminosa culminando na morte do indivíduo. Esse problema acontece pela falta da confissão dos seus pecados. A pessoa resolve esconder de tudo e de todos o seu pecado. Essa casta criada pelo próprio pecador o afasta de Deus e das outras pessoas dificultando ainda mais a possível recuperação. A pessoa vai cavando o seu próprio túmulo até se deparar com o inferno. A omissão dos pecados vai levando a um e outro pecado e a uma e outra conseqüência. A mentira vai sendo ampliada e o indivíduo se vê numa areia movediça encoberto até o pescoço.
O falso arrependimento pode até demonstrar uma mudança parcial das atitudes do indivíduo em relação ao pecado. Ele pode até estar convencido do pecado, mas o seu coração não mudou. O Espírito Santo pode ter agido através da lei humana ou até mesmo da ética ou moral da sociedade, mas não teve a abertura necessária agir no coração do indivíduo pecador. Ele pode até mostrar alguma mudança pessoal, mas no fundo é somente uma abstenção do pecado e não um verdadeiro arrependimento. Essas pessoas são auto-enganadas, visto que vivem numa ilusão de que estão verdadeiramente arrependidas, quando é somente é um sentimento temporário de remorso pelo pecado cometido. A ilusão faz com que o homem seja embotado espiritualmente.
O pecado seguido do falso arrependimento endurece o coração e cauteriza a consciência da pessoa. É possível que o indivíduo sinta uma inquietação, mas é uma tristeza que o leva para a morte. Ele pode até ser movido por motivações emocionais, mas não é o verdadeiro arrependimento e não o leva a Deus. Ao contrário, só o leva ao inferno. Com a sua consciência cauterizada, o pecado e suas conseqüências já fazem parte do cotidiano do pecador e não anda mais na luz. O falso arrependimento passa a fazer parte da sua vida porque a dureza do seu coração o impede de permitir que o Espírito Santo faça algo por ele. As portas da sua vida estão trancadas de tal maneira que o pecado é a melhor solução para provê-lo a falsa alegria momentânea que os falsos arrependidos possuem.

Conclusão...

É triste ver que os cristãos vivem num falso arrependimento iludidos. Todos nós precisamos conhecer as verdades bíblicas e sermos convencidos dos nossos pecados pelo Espírito Santo. Não adianta em nada sermos convencidos pela nossa emoção ou mesmo pelo nosso medo da ira de Deus ou das outras pessoas, mas é permitir a ação de Deus no nosso coração.
Estimulo ao verdadeiro arrependimento, pois é a nossa única forma de vida! É a única maneira de nos achegarmos a Deus e Ele a nós...

Pr. Paulo Pedroso