terça-feira, 16 de setembro de 2008

A importância do Discipulado

Josué 1.1
“Sucedeu, depois da morte de Moisés, servo do Senhor, que este falou a Josué, filho de Num, servidor de Moisés, ...”
3 João 4
“Não tenho alegria maior do que ouvir que meus filhos estão andando na verdade.”
Eclesiastes 4.10
“Se um cair, o amigo pode ajudá-lo a levantar-se. Mas pobre do homem que cai e não tem quem o ajude a levantar-se!”

A Bíblia, no Novo Testamento, mostra claramente que Jesus é o exemplo máximo de preparação dos seus sucessores, os discípulos. Jesus, durante três anos, treinou e discipulou doze pessoas para que o evangelho fosse propagado até os confins da Terra. Jesus estava consciente que o seu tempo ministerial terminaria um dia, e por isso treinou os discípulos: para que continuasse o trabalho que Ele iniciou. A Bíblia não mostrou esse grande exemplo de sucessão por mera historicidade. Não, Deus quis dar um exemplo vivo de como deve ser feita uma sucessão. Deu um exemplo de como deve acontecer o discipulado.
Vamos pensar na prova de 4x100m livre do atletismo. É uma prova que exige muita atençãoe treinamento por parte dos competidores. É uma prova onde cada corredor dá o máximo de si. Contudo, na regra da prova, diz que o corredor deve correr com um bastão em sua mão, durante os seus 100m. Quando for a vez do seu companheiro, o bastão precisa ser passado para a mão do companheiro com uma grande perfeição, de modo que o bastão não caia e nem os corredores precisem parar para pegar o bastão. Se o corredor deixar o bastão cair, a equipe estará praticamente desclassificada, visto que terá que voltar para pegar o bastão e perderá muito tempo com isso. A transmissão do bastão é um momento importantíssimo dessa prova. O competidor que cruzar a linha de chegada deve estar com o bastão em sua mão. Só assim a equipe será vencedora. Da mesma forma deve acontecer a sucessão. Da mesma forma deve acontecer o discipulado. O discipulado deve ser feito com atenção e cuidado.
Citamos um exemplo bíblico do novo testamento de sucessão, no entanto, a Bíblia é repleta de histórias de constantes sucessões e discipulados. Boa parte do Antigo Testamento é dedicada a histórias das sucessões, tanto familiares quanto governamentais. A Bíblia nos relata as sucessões dos patriarcas, juízes e reis de Israel. A Bíblia também nos relata vários fatos onde podemos observar o discipulado acontecendo.
A história de Israel começa a ser contada com Abraão, depois com Isaque. Continua com Jacó e ainda com seus doze filhos. José, um dos filhos de Jacó, leva todo o seu povo para viver no Egito. Porém, depois de um tempo, esse mesmo povo torna-se escravo dos egípcios e foge sob a liderança de Moisés.
Moisés foi uma grande homem. Uma referência nacional. Foi uma pessoa que testemunhou verdadeiramente dos ensinamentos que Deus deixou para o seu povo. Moisés recebeu as leis do Senhor Deus e as comunicou a todo o povo. Foi ele que, de acordo com as ordens de Deus, dirigiu todo o povo de Israel durante todos os quarenta anos que passaram no deserto.
Todo o povo estava muito apreensivo. Eles já sabiam que a terra de Canaã era uma terra fértil, de acordo com a promessa de Deus. Eles já conheciam a terra através dos dozes espias que tinham ido espiar a terra. Eles trouxeram relatórios positivos em relação à terra. Eles ficaram com medo dos povos que estavam habitando na terra, mas passaram um relatório de que a terra era muito boa. Todo o povo estava se preparando para guerrear contra os habitantes daquela terra e tomar a terra que Deus havia prometido. Um momento delicadíssimo de todo o povo de Israel. Foi aí que Moisés morreu. Ele foi um pouco mais adiante do povo para avistar a terra, subiu ao monte, olhou toda a extensão da terra e, ali mesmo morreu. Essa história está registrada no capítulo final do livro de Deuteronômio.
Embora Moisés estivesse morto, Deus não deixou o povo de Israel a “ver navios”. Deus cuida da Sua Criação. Deus cuida de todos os humanos. Deus não deixou o povo de Israel na mão. Ele cuidou para que outro líder fosse levantado o mais rápido possível. Deus levantou um sucessor de Moisés. Levantou um homem que estava junto com Moisés. Josué acompanhava Moisés em tudo o que ele fazia. Josué era um homem de confiança de Moisés.
Em Êxodo 17.8-16, conta a história da vitória de Israel sobre os amalequitas num episódio marcante. Moisés, Arão e Hur estavam intercedendo por Israel no monte. Enquanto Moisés estava com as mãos erguidas, Israel vencia. No entanto, quando Moisés se cansava e baixava o seu braço, Israel era derrotado. E quem estava na frente da batalha? Quem estava liderando o exército de Israel? Josué.
Na passagem de Êxodo 24.13, do que é chamado Josué? Auxiliar de Moisés! Em Êx 33.11, Josué ficou cuidando da Tenda do Encontro enquanto Moisés conversava com Deus.
Josué estava com Moisés desde a sua juventude, de acordo com Números 11.28. Com certeza, Moisés olhava para Josué como um jovem promissor e sabia que Israel estaria em boas mãos após sua partida desta vida. E, uma das características importantes de se ressaltar na vida de Josué é que ele era cheio do Espírito Santo. De acordo com o texto de Deuteronômio 34.9, Moisés o instruía com todo o conhecimento que tinha, mas o Espírito Santo de Deus também estava com ele, dando sabedoria de modo que todos os israelitas o obedeciam.
Já imaginou se Moisés não tivesse se preocupado com o discipulado? Já pensou se ele não tivesse se preocupado com o futuro de Israel? Com certeza, Israel teria um governo despreparado. A pessoa que assumisse não teria condições de guerrear e conquistar a Terra Prometida. Não teria condições de governar Israel. Moisés, que foi um homem que tinha uma intimidade com Deus invejável, cuidou de treinar o seu sucessor, o seu discípulo Josué.
Atualmente, existe um provérbio que diz: “O homem só é totalmente realizado quando: 1) escreve um livro; 2) planta uma árvore, e; 3) tem um filho!”. A sociedade prega que devemos deixar um bom legado. A sociede protetora do meio-ambiente prega que não devemos jogar lixo não-biodegradável em qualquer aterro, visto que os nossos filhos e netos experimentarão a conseqüência por nossos atos. Todos dão uma importância muito grande à questão do legado. Os cristãos também deveriam. Os crentes deveriam se preocupar com o seu legado também. Até porque, em várias passagens, Jesus cita que a árvore que não dá frutos é cortada e lançada ao fogo. Os frutos são pessoas. Os bons frutos são resultados de um bom discipulado. Eu diria que, para o cristão verdadeiro, o crente totalmente realizado é aquele que faz discípulos! Você é um crente totalmente realizado? Quantos discípulos você já fez?
Além dos argumentos que citamos, o discipulado é uma ordem de nosso Senhor Jesus. Mateus 28.19-20. Todo crente deve ter memorizado esse versículo! O que está escrito? “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações...”. Portanto, o que você está fazendo aí parado? Vá e faça discípulos!

Mas afinal, o que é discipulado?
O discipulado nada mais é do que o treinamento de pessoas para seguir o seu mestre. No caso da igreja, temos O Exemplo Maior que devemos seguir: Jesus Cristo! Ele deve ser o nosso mentor, nosso discipulador! Nosso alvo tem que ser Jesus Cristo!
De acordo com Gary W. Kuhne em seu livro “O Discipulado Dinâmico”, o conceito de discipulado é o aconselhamento de novos convertidos. Na idéia dele, depois de um tempo sendo discipulado, o discípulo torna-se discipulador. A idéia dele está certíssima! Não podemos ser discípulos o resto de nossas vidas! Um dia, tornaremos discipuladores. Lembrando sempre que, o treinamento é para que os discípulos se tornem discípulos de Cristo, e não teu. Através do discipulado, o discipulador apresenta Cristo e coopera no crescimento da fé do discípulo.
O discipulado, enfim, é treinar seguidores. Lembrando de Josué que foi um seguidor de Moisés desde a sua juventude. Além de outros exemplos que citamos há pouco.
Discipulado não consiste em ter um tempo de estudo bíblico semanal. É muito mais que isso! Josué foi treinado desde a juventude. Jesus treinou os doze discípulos durante três anos, não somente com ensinos através de palavras, mas através da vida dele. Ele ensinava e dava o exemplo. Assim, o discipulador tem que ser o exemplo.
Qual foi a primeira coisa que Jesus fez ao começar o seu tempo de ministério “público”? Ele chamou os discípulos para estarem com Ele. O treinamento aconteceu desde o início do ministério de Cristo. Ele dedicou a sua vida no discipulado.
O discipulado pode ser tido como a influência exercida de um mestre sobre o aprendiz (mathetes, em grego). Foi essa a expressão utilizada no Novo Testamento e que em português foi traduzido como discípulo. O mestre exerce uma liderança influenciadora sobre os seus discípulos, configurando o discipulado.
Jesus é o maior discipulador de todos os tempos. Até os especialistas em administração de empresas por todo o mundo, utilizam-se do exemplo de Cristo para treinar os presidentes das empresas. Jesus Cristo é maior exemplo de liderança influenciadora que já existiu. Ele é o maior discipulador que já existiu.
Podemos dividir o discipulado que Jesus Cristo exercia em duas esferas:
1) Durante todo o discipulado de Jesus com os doze, Ele tratou o caráter dos apóstolos, também chamados discípulos. Ele treinou-os em vários aspectos do caráter. Ensinou-os a mansidão, paz, paciência, confiar na justiça divina, não buscarem a glória para si mesmos, renunciarem, etc. Foram ensinamentos teóricos, através das palavras, e prático, através da própria vida.
2) Jesus também ensinou os discípulos na esfera teológica. Todo o tempo de discipulado foi uma aula de teologia. O próprio Deus encarnado ensinou a Sua própria Teontologia (estudo do ser, existência e feitos de Deus). A cultura judaica já transmitia ensinamentos, assim como a Palavra de Deus que já havia sido escrita por Moisés e profetas. Mas nada melhor do que receber os ensinamentos do próprio Deus. Jesus revelou a sua divindade ao acalmar a tempestade, multiplicar pães e peixes, curar enfermos, ressuscitar pessoas, entre outros milagres. Ele estava mostrando, na prática, o que Deus é capaz de fazer por aqueles que O adoram e O amam.
Paulo, em 2 Timóteo 2.2 diz: “e as palavras que me ouviu dizer na presença de muitas testemunhas, confie-as a homens fiéis que sejam também capazes de ensinar a outros.”. Nesse texto, Paulo fala a Timóteo para transmitir os conhecimentos adquiridos através dele. Paulo discipulou a Timóteo e nesse texto fica bem claro que ele pede que Timóteo faça outros discípulos. O discipulado é algo contínuo. É como uma corrente que não tem fim. O primeiro elo é Jesus Cristo. Os que estão em seguida, somos nós. Nós estamos ligado a Cristo e ligados a outros elos que formam essa corrente. Portanto, o discipulado nunca deve parar.
Nos textos que iniciam o nosso estudo, citamos alguns versículos em que não se é mencionado o termo discípulo ou discipulado. Os discípulos são chamados de servos, filhos e amigos. Na verdade, o relacionamento entre discípulo e mestre deve ser um relacionamento familiar, de amizade e de serviço. Os discípulos são filhos espirituais. Os discípulos são amigos espirituais. Os discípulos são servos espirituais. É raro encontrarmos dentro da igreja um relacionamento que inclua tudo isso, mas teoricamente é o que deveria acontecer. Jesus mesmo cita que os seus pais e irmãos são aqueles que estão com ele sempre.
Em nossa igreja, temos que praticar o discipulado. A nossa intenção é formar uma igreja de discípulos. Formar uma igreja que mostre os frutos do discipulado na vida cotidiana. Uma igreja que Jesus Cristo se orgulha, pois pratica o evangelho. Também queremos ser uma igreja de discipuladores. Uma igreja que ensina a palavra da verdade, o evangelho, através do discipulado. Enfim, para isso, trabalhamos com o sistema de discipulado ‘um a um’, ou seja, um mentor e um discípulo. O mentor ou discipulador é o responsável espiritual do discípulo. Até que o discípulo atinja a maturidade espiritual, o papel do discipulador é de fundamental importância. É o discipulador que vai orientar o discípulo no manuseio da palavra de Deus. Deus fala diretamente com o discípulo, mas pode usar também o discipulador para dar lições importantes. E geralmente, Deus usa o discipulador!
No sistema de discipulado, geralmente, o discípulador se encontra com o discípulo pelo menos uma vez por semana para exercerem atividades de edificação juntos. São atividades como: estudar a bíblia juntos; visitar hospitais ou asilos; visitar outros membros da igreja; fazer atividades esportivas como caminhada e jogar futebol; além de muitas outras coisas. Durante o exercício das atividades junto com o discípulo, o discipulador passa ensinamentos de vida. Assim como nós já falamos do exemplo de Cristo. Jesus comia com os discípulos, dormia com eles, viajava com eles, lia as Escrituras Sagradas, orava, etc.
O discípulo torna-se discipulador quando atinge uma certa maturidade espiritual. Isto significa que, quando ele estiver pronto para enfrentar situações do cotidiano com maturidade, situações espirituais, tiver desenvolvido o fruto do Espírito Santo em sua vida, ele está pronto para discipular outros. Está pronto para ser o responsável espiritual de outras vidas. E é uma responsabilidade muito grande. É uma responsabilidade de oração pela outra vida. É uma responsabilidade de orientar o discípulo nas várias dificuldades que ele pode vir a enfrentar.
Falamos sobre o conceito de discipulado, mas você deve estar se perguntando: E o que eu tenho a ver com isso?

Então, por que devo fazer discípulos?

1) Dar continuidade nas obras de Cristo: esfera comunitária
Jesus Cristo não treinou os discípulos somente para estarem com Ele por onde quer que andasse. Ele os treinou para que continuasse a obra que começou. Os discípulos são responsáveis pela propagação do evangelho que são as boas-novas da ressurreição de Cristo. Você tem a missão de propagação do evangelho até os confins da Terra, assim como eu. No entanto, sozinhos não vamos conseguir. precisamos contagiar as pessoas para que estejam conosco por esse propósito.
O missionário Paulo, em suas viagens missionárias, percorreu praticamente toda a Ásia Menor e parte da Europa em vários anos de ministério. Ele conseguiu implantar várias igrejas e fazer o nome de Jesus conhecido por toda a região. Paulo foi o maior missionário que se há registros. Você, que não é tão diferente de Paulo, e que tem muito mais recursos que Paulo não tinha, pode também fazer uma grande obra para a expansão do Reino de Deus. Contudo, é difícil evangelizar todo o mundo sozinho. Por isso, fazendo discípulos, esses discípulos farão outros discípulos, e o evangelho vai sendo propagado de forma consistente e um dia chegará aos confins da Terra.
No livro de Atos, Jesus, quando ascende aos céus, deixa a ordem para que os discípulos permaneçam em Jerusalém até que recebam um sinal do céu. Atos 1.8 diz: “Mas recebereis o poder e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, Judéia, Samaria e até os confins da terra.”. Esse mandamento de Jesus era para que eles recebessem o Espírito Santo. Depois do Pentecoste, todos então estavam prontos para a propagação do evangelho. Todos estavam prontos para dar continuidade nas obras de Cristo. Jesus subiu e deixou a incumbência e missão para os discípulos.
No final do evangelho segundo Marcos, Jesus deixa a ordem para que os discípulos fossem por todo o mundo pregando o evangelho a toda criatura. Ainda diz que vários sinais vão acompanhar os que crêem e, no nome de Jesus, vão expelir demônios, pegar em serpentes, impôr as mãos sobre os enfermos e eles serão curados. Está claro o objetivo de Jesus Cristo de deixar a ordem para que os discípulos continuassem as obras que Ele fez. O versículo também abrange todos os que crêem. Isto significa que, aqueles que crêem farão muitos milagres. Esse mandamento então, é extendido para todos nós no dia de hoje. Temos a tarefa de dar continuidade nas obras de Cristo.

2) Obediência ao mandamento: esfera pessoal.
Somos convocados ao discipulado. Assim, se queremos fazer a vontade de Deus, agradar o coração de Deus, fazer a felicidade de Jesus Cristo nos céus, temos que praticar o discipulado.
Em Mateus 28.19-20: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, e ensinando-os a guardar tudo o que vos tenho ordenado. E, eis que estarei convosco até a consumação dos séculos.”. Jesus, nesses versículos, não está fazendo um convite ao discipulado. Ele está comissionando, convocando, intimando ao discipulado. Jesus não está pedindo: “Por favor, se puderem, depois que você formar nas suas cinco faculdades, se ainda restar-te tempo, depois de dar comida para o cachorrinho, se der, façam discípulos de todas as nações.”. Jesus está deixando uma ordem.
Irmãos, essa ordem que Cristo nos deixou é denominada também de Chamado Universal. Todo crente, todo cristão, todo regenerado, todo justificado, nascido de novo, enfim, todos que professam a fé cristã, devem obedecer.
Você está obedecendo ao mandamento que o Senhor Jesus deixou? Quantos discípulos você já fez em sua vida? Espero que muitos. Se não, não olhe para o lado, dizendo que essa palavra não foi para você! Saia do seu lugar e faça discípulos. Cumpra com o mandamento de nosso Senhor Jesus.

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