domingo, 24 de julho de 2016

COLOCANDO OS PINGOS NOS ÍS.

COLOCANDO OS PINGOS NOS ÍS.
Gênesis 4.8-16
Disse, porém, Caim a seu irmão Abel: "Vamos para o campo". Quando estavam lá, Caim atacou seu irmão Abel e o matou. Então o Senhor perguntou a Caim: "Onde está seu irmão Abel? " Respondeu ele: "Não sei; sou eu o responsável por meu irmão?" Disse o Senhor: "O que foi que você fez? Escute! Da terra o sangue do seu irmão está clamando. Agora amaldiçoado é você pela terra, que abriu a boca para receber da sua mão o sangue do seu irmão. Quando você cultivar a terra, esta não lhe dará mais da sua força. Você será um fugitivo errante pelo mundo". Disse Caim ao Senhor: "Meu castigo é maior do que posso suportar. Hoje me expulsas desta terra, e terei que me esconder da tua face; serei um fugitivo errante pelo mundo, e qualquer que me encontrar me matará". Mas o Senhor lhe respondeu: "Não será assim; se alguém matar Caim, sofrerá sete vezes a vingança". E o Senhor colocou em Caim um sinal, para que ninguém que viesse a encontrá-lo o matasse. Então Caim afastou-se da presença do Senhor e foi viver na terra de Node, a leste do Éden.

            O sucesso e/ou o fracasso nos relacionamentos está intrinsecamente ligado a capacidade do ser humano de lidar com as diferenças, de respeitar o outro enquanto dono de um espaço (privacidade), da incompatibilidade de gênios analogamente definida como “personalidades opostas” e, por uma política psicossocial que vem reformulando a ideia de sociedade. Nem preciso considerar que a sociedade dos dias atuais vive o oposto do que tínhamos há vinte anos, somos habilmente manipulados pela era digital que dia a dia nos afirma o quanto somos “capazes” de viver sozinhos, com amigos virtuais, ambientes digitais e famílias modernamente modificadas pelo conceito de “pai, mãe, filhos” desfeito frente aos nossos olhos. A começar pelas brincadeiras das crianças, se comparadas com as atuais veremos a discrepância. O mais divertido era o esconde-esconde, o futebol na rua com os gols de chinelo havaiana ou um tijolinho, carrinhos de rolimã, pula corda, etc... Hoje em dia muitos pais cedem à insistência dos filhos, entregam-lhe aparelhos eletrônicos ou o melhor lançamento de vídeo games e pensam estar educando seus filhos deixando-os sozinho por horas vendo desenhos favoritos na TV e/ou brincando com os joguinhos da moda. Muitos são viciantes e destrutivos para o cérebro de crianças, mas o que se há de fazer como os novos modelos de educação familiar.
            Pesquisas confirmam que a tensão gerada por relacionamentos fracassados é um dos maiores causadores de stress e afastamento de novos relacionamentos. É mais simples conviver com o outro em distância física e emocional via redes sociais que trabalhar para construir bases sólidas de convivência real. Contudo, Deus fez o homem para viver em comunidade, por tal razão, devemos ter em mente que aprender a conviver de forma agradável com o outro demanda tempo e empenho. É necessário aprender sobre o outro – seus gostos, qualidades, defeitos, sonhos, visão de mundo etc. para que possamos estabelecer pontos de contato e a amizade ou relação conjugal florescer. Quero ressaltar dois grandes empecilhos no relacionamento interpessoal que devem ser bravamente combatidos:

            Relacionamento Individualista
            A individualidade está presente no Ser Humano, é parte do que Deus projetou para a plena realização de sua natureza divina aqui na terra, é o caráter individual de cada um. Pela individualidade somos capazes de nos distinguir uns dos outros, de viver como um ser único criado a imagem e semelhança de Deus com atributos próprios e originalidade – somos únicos pela pigmentação dos olhos, dos cabelos, da pele, pelas ideias alimentadas e pela personalidade tão habilmente atribuída a cada um de forma diferenciada.
            Contudo, há uma ampla diferença entre individualidade e individualismo. A individualidade está ancorada na segurança, na determinação e capacidade de escolha, é uma característica saudável da personalidade e um atributo de Deus para a vida em comunidade. Já o individualismo é a tendência de quem vive exclusivamente para si, que demonstra pouca ou nenhuma solidariedade frente a acontecimentos de outrem. É a valorização do seu “eu” acima de qualquer outra pessoa ou coisa. É uma característica doentia da personalidade cujo Ser é incapaz de aprender com experiências externas, suas necessidades estão em primeiro lugar e as dos outros, em último.
            Caim, no relato do texto acima referenciado, mostra-nos uma personalidade extremamente individualista, quando Deus pergunta sobre Abel, seu irmão, Caim não pode responder com sinceridade, pois não se importa com o que acontece com ele. Numa atitude típica de pessoas individualistas denota o pensamento “não importa os outros, só importa o que eu quero, o que eu sinto, o que vejo, penso, falo, e faço”.
“Não importa o que está acontecendo com meu irmão. Nem sei aonde ele está! Por acaso eu sou o pai dele? Sou eu que tenho que cuidar dele?”. O individualista é egoísta, não tem senso de comunidade e nem consegue viver em comunidade, afinal, tudo o que realmente importa é se ele está bem.
            Dentro de nossas igrejas temos vivido Individualismos – chegamos a nos importar em ser reconhecidos como os que “fazem o social”, ajudam pessoas em situações de necessidade, contudo, sem se importar verdadeiramente com o estado do próximo. Num falso Cristianismo pregamos o que não é vivido.
           
            Relacionamento Superficial
            Outro ponto relevante quando se pretende desenvolver relacionamentos de qualidade é erradicação da superficialidade. Este termo é relativo à superfície, ao que é pouco profundo, de caráter superficial. Ou seja, o que não desenvolveu raízes profundas capazes de sedimentar uma relação madura e consistente. Caim e Abel tinham um relacionamento extremamente superficial, a Bíblia nos confirma que Abel era pastor de ovelhas e Caim lavrador – um cuidava de ovelhas em campos limpos e o outro lavrava a terra para plantação e colheita de vegetais. Isto significa que eles não se encontravam costumeiramente em suas tarefas diárias, era estritamente necessário que vivessem longe um do outro em terras distantes para que seus afazeres profissionais fossem viáveis. Por obra do tempo e da distância física sentiam-se longe um do outro.
            O pastor Abel precisava andar por lugares diferentes procurando grama verde para suas ovelhas pastarem. Já o lavrador Caim cultivava suas terras provavelmente nas redondezas de sua casa. Pode-se imaginar que eles se encontravam de vez em quando para uma reunião familiar com seus pais e para oferecer os sacrifícios a Deus.
            Como diz o sábio em Eclesiastes: “Não há nada novo debaixo do sol”. Quando pensamos estar vivendo em um tempo diferente a bíblia mostra-nos exemplos de pessoas que já passaram pelo achamos ser novo, alguém ou algum povo já passou antes de nós. Com advento das Redes Sociais mantemos contato com mais de 1000 amigos, mas não temos tempo para os membros de nossa família. Quantos de nós temos um grupo da família no Whatsapp? Quantos de nós mandamos recados para os seus filhos ou parentes pelo Facebook, e-mail, etc? Quantos vizinhos mantemos relacionamento pessoal? São questionamentos que têm se tornado difíceis de conseguir respostas. As redes sociais podem e devem ser usadas como ferramentas importantes não questiono sua utilidade, apenas pretendo explorar a importância da valorização do relacionamento interpessoal em detrimentos dos superficiais típicos das redes sociais. Nada tem mais valor emocional que olhar nos olhos, pegar na mão, e abraçar nossos queridos.
            Todos somos dotados de um perfil e uma personalidade diferente como um DNA psicológico que nos faz seres únicos em espécie e em sentimentos. Certamente é mais fácil manter amigos virtuais, bem como não é tão simples cultivar bons relacionamentos. Vivemos numa superficialidade sem fim. Ninguém está disposto a ser autêntico e verdadeiro se isto põe a prova o quanto temos do caráter de Deus trabalhado em nós. Dizer a verdade não é denegrir o outro e muito menos agredir, ser verdadeiro implica seguir a verdade em amor, aquele que Cristo deixou-nos como exemplo – ame o seu próximo como a ti mesmo, se algo for te ofender assim também ofenderá ao outro. Não dê ao outro o que não estarás disposto a receber.
            Proponho uma reflexão ainda mais profunda no quesito “Construção dos relacionamentos”, pensemos alguns pontos fundamentais no relacionamento como quando pensamos na redação de um texto. Para se escrever um texto precisamos seguir alguns parâmetros como a utilização de sinais de pontuação. Não posso chamar de regras porque sempre tem aquele que foge à regra e isso também deve respeitado, cada casa sua especificidade. O que posso dizer é que a pontuação faz toda a diferença numa frase, observe:
Meu relógio sumiu? Não! Está na gaveta.
Meu relógio sumiu. Não está na gaveta?
Meu relógio sumiu não, está na gaveta!
Meu relógio sumiu? Não está na gaveta?
Meu relógio sumiu, não está na gaveta.
Vamos colocar os pingos nos ís, comecemos pela:

1. Letra Maiúscula
            Sempre que vamos começar um texto ou um parágrafo utilizamos a letra maiúscula como letra inicial e, para o desenvolvimento das ideias, as minúsculas. Consideramos que apesar da letra maiúscula precisar se diferenciar das demais (minúsculas) ela continua mantendo sua identidade e sentido; ser maiúscula não a faz deixar de ser letra, é apenas uma condição estratégica.
            Em Provérbios 17.17 encontramos uma definição bastante peculiar do que seria o verdadeiro amigo: “Em todo tempo ama o amigo, e na angústia se faz o irmão”. No dia-a-dia e no relacionamento interpessoal normalmente matemo-nos próximos às pessoas, no entanto, é na dificuldade que descobrimos um bom amigo. Esse é o diferencial de pessoas comuns, conhecidos, dos amigos. E o mais interessante: quando ganhamos uma amizade por meio de sacrifícios, conjuntamente recebemos uma recompensa. Não digo que será uma recompensa monetária, recompensas podem vir de todos os lados (e até mesmo monetária), contudo, um sincero “muito obrigado” de um amigo verdadeiro, certamente, fixa-se em nós com efeitos imensuráveis e valor inestimável.

            O Princípio de Waldorf
            Há muitos anos atrás um casal idoso entrou num pequeno hotel da cidade de Filadélfia numa noite de forte temporal, fugindo da chuva o casal se dirigiu à recepção do hotel na esperança de encontrar um abrigo para passar a noite.
            ̶ Queremos um quarto, por favor, solicitou o marido.
            O recepcionista era um homem cordial e de sorriso cativante.
            ̶ O hotel está lotado, disse ele, explicando que estava ocorrendo três convenções na cidade. No entanto, ponderou que não poderia deixar um casal tão simpático ir embora na chuva já sendo madrugada.
            ̶ Quem sabe vocês não querem ficar no meu quarto? Não é uma suíte luxuosa, mas vocês poderão passar a noite com um pouco de conforto.
            O casal recusou, mas o recepcionista insistiu afirmando que estaria bem para passar a noite em outro compartimento do hotel que não fosse seu próprio quarto. O casal concordou em ficar.
            Na manhã seguinte, ao efetuar o pagamento, aquele senhor disse ao recepcionista:           ̶ Você é um homem fora do comum. Não é fácil encontrar pessoas que sejam ao mesmo tempo simpáticas e solícitas hoje em dia. Você é o tipo de funcionário que deveria estar no comando do melhor hotel dos Estados Unidos. Quem sabe um dia eu construo um grande hotel para você gerenciar.
            Dois anos depois o recepcionista continuando a trabalhar no mesmo hotel recebeu uma carta daquele senhor. No bilhete, o hóspede relembrava a noite chuvosa e o convidava a para uma visita em Nova Iorque já com passagem de ida e volta ofertadas, os dois se encontraram em Nova Iorque e dirigindo-se à esquina da Quinta Avenida com a Rua 34 o magnata aponta para um novo e enorme prédio – um verdadeiro palácio de pedras vermelhas e torres que se erguiam, imponentes, em direção ao céu. E para a surpresa do recepcionista afirma:
            ̶ Esse aí é o hotel que eu gostaria que você administrasse, disse-lhe.
            O nome daquele senhor era William Waldorf Astor, e o magnífico prédio em questão era o Hotel Waldorf-Astoria em sua versão original. O recepcionista que veio a tornar-se o seu primeiro gerente foi George C. Boldt. Ele jamais poderia imaginar que um simples gesto de serviço sacrificial o levaria a ser gerente de um dos hotéis mais luxuosos do mundo.

2. Vírgulas (,)
            As vírgulas significam pequenas pausas para que o leitor tenha tempo de tomar um ar, respirar fundo e continuar a fluidez do assunto tratado na redação. Dentro da analogia que estamos tratando é primordial, essencial e de suma importância que tenhamos uma pausa na rotina do dia-a-dia para dar um pouco mais de atenção aos nossos relacionamentos.
            Nossa sociedade vive imersa num ativismo sem fim fazendo com que o indivíduo viva a correr para cumprir prazos e dar conta de coisas. A repetição de situações como sair do trabalho, pegar trânsito, planejar o futuro, estressar-se com os acontecimentos de casa, da faculdade, da escola dos filhos, do tempo em família que não se tem, é altamente degenerativo para uma vida social plena. Boa parte dos sofrimentos humanos seriam amenizados se colocássemos as vírgulas nos lugares certos, noutras palavras, se soubéssemos o momento certo de fazer pequenas, e ate mesmo grandes, pausas.
            Para que um relacionamento vá bem, é necessário que se faça pausas a fim de investir tempo em conhecer o outro e conhecer-se diante dos olhos dos outros. Dentro do relacionamento de amizade se o amigo é aquele que não se importa com o outro, não liga para conversar, não demonstra interesse pela vida do próximo, não se faz amigo em tempo de crise, infelizmente, em breve esse relacionamento não mais existirá. Depois de um tempo tudo o que era imprescindível torna-se dispensável.
            No casamento não pode ser diferente, se o marido não faz pausas em sua agenda para sair com a esposa, assistir um filme, ir a um restaurante, a um parque, um piquenique, ou qualquer outro lugar importante para os dois e de relevância para um tempo de qualidade, o amor não terá fonte de alimento para resistir às dificuldades da rotina. O contrário também acontece. A esposa precisa estar em contato direto com o coração de seu marido, muitas vezes a vida corrida de afazeres domésticos, negócios e inúmeros trabalhos tomam o tempo que seria da família, não havendo mais tempo para o relacionamento, consequentemente, o amor esfria-se e a distância cada vez mais cresce em largura e profundidade. Precisamos ser vírgulas para textos/vidas melhor compreendidas e melhor vividas.
            Outro ponto relevante para o uso da vírgula é o das amizades nocivas que corroem o nosso coração, que nos fazem mal ao invés de bem, são capazes de suscitar mágoas, mas não o são de pedir perdão. Quando nos sentimos denegridos em um relacionamento de amizade o qual deve ser visto como ambiente amistoso de depósito de sentimentos reais e humanos, é porque está na hora de usarmos da pausa. Precisamos aprender a colocar limites àqueles que não nos acrescentam nada, ao contrário, atrapalham o nosso crescimento.

3. Ponto e vírgula (;)
            O ponto e vírgula é uma pontuação peculiar, pois remete-nos a pausas maiores. Não podemos tratá-lo como ponto final uma vez que sua intenção é a de separação das ideias. Usamos ponto e vírgula quando precisamos separar uma sequência de termos em uma frase. As pausas são maiores, mas ainda não são finais de parágrafo, logo, não deve ser tratado só como ponto ou só como uma vírgula. Assim, nos nossos relacionamentos, precisamos tratar as pessoas de forma diferente, conforme a especificidade de cada uma.

            Damas versus Xadrez.
            Qual é a grande diferença entre o jogo de Dama e o jogo de Xadrez?
            Para ganhar no xadrez, é preciso primeiro aprender como cada peça se movimenta desde o peão, a torre, o cavalo, até a rainha e o rei. Bobby Fischer, um dos maiores enxadristas, afirmou: “A vitória no jogo de xadrez é uma questão de entender como tirar o máximo proveito dos atributos de cada peça e saber a hora exata de movimentá-las”. Em outras palavras, não devemos dispensar um tratamento padronizado nem ter as mesmas expectativas acerca de todas as peças como se fossem produtos idênticos no tabuleiro. No jogo de damas todas as peças se movimentam da mesma maneira, diferentemente do xadrez, onde o modo de andar com as peças varia de acordo com o potencial de cada uma delas. A pessoa sensata age como um jogador de xadrez em seus relacionamentos, e não como um jogador de damas, sua forma de conectar-se às pessoas varia de acordo com a personalidade e as qualidades que elas têm. Pessoas são diferentes, dotadas de uma combinação de características únicas. A grande diferença entre o jogo de Damas e o jogo de Xadrez são as peças!

4. Exclamação (!)
            Utilizamos o sinal de exclamação quando desejamos expor emoção no enunciado. Logo, quando estamos lendo um texto e percebemos a presença da exclamação sabemos que há sentimentos e sensações envolvidos com a ação, o autor pode estar desejando que o leitor sinta o mesmo, participe das ações dos personagens, ou até mesmo identifique-se com a situação em questão.
            Ninguém gosta de mesmice, de uma vida sem brilho nos olhos, sem esperança no amanhã, daquele marasmo que não deixa a pessoa lutar pelos sonhos, da mesma forma isto também acontece nos relacionamentos. É preciso buscar a emoção dos primeiros dias de conquista (também vale para as amizades), desenvolver o desejo pela conquista de sonhos juntos, ter prazer em estar na companhia um do outro. São atitudes simples que funcionam como bálsamo às feridas que vamos “adquirindo” com o passar dos dias. A emoção ocupa lugar importante quando se trata dos relacionamentos.
            Estudos psíquicos confirmam que os seres humanos tendem a gravar dados ou informações que contenham grandes doses de emoção com maior eficiência. A vida fica mais “colorida” quando colocamos emoção! É tão bom quando estamos amando! Como é maravilhoso viver a vida e aproveitar cada momento ao lado dos nossos amados!
            Não há como sustentar o relacionamento conjugal sem Amor, sem perceber o coração bater mais forte, sem aquele friozinho na barriga típico de quando estamos em descoberta do outro. Contudo, precisamos cuidar com carinho do amor que temos em mãos para que a rotina tão sem sabor do dia-a-dia não mingue as forças de ambos os cônjuges e o relacionamento que dantes era tão prazeroso torne-se insípido.
            Também podemos promover essa emoção nas amizades por coisas tão simples, quem não se sente amado quando recebe uma cartinha, um bilhete ou um recadinho surpresa? São exemplos singelos, mas de grande valor emocional. Um coração aquecido pelo amor do outro pode fazer grandes milagres, ainda que esses grandes milagres sejam apenas sorrisos. Lembro-me das cargas emocionais negativas que tive ao discutir e brigar com alguns amigos ainda na adolescência; sensações ruins aos poucos nos corroem o coração e quando menos percebemos estamos endurecidos e incapazes de nos importar com os sentimentos alheios.
            É interessante lembrar que os momentos da infância na presença de amigos são lembranças inesquecíveis, lembramo-nos das brincadeiras mais divertidas e até das não tão legais assim. São momentos inestimáveis! Uns bons, outros ruins, mas com a turma sempre junta. Lembro-me da viagem de formatura da oitava série com toda a galera, dos churrascos na casa dos amigos, das trilhas nos arredores da cidade... Quanta coisa se vive na presença de pessoas queridas!
            Quero ressaltar ainda a importância das amizades no combate a um dos piores males de nosso século, a Depressão. Não estou dizendo que a presença de amigos trará cura, uma vez que, trata-se de uma doença e como tal necessita de intervenção médica, psiquiátrica e psicológica. Mas, certamente, reconhecer-se rodeado de pessoas de bons sentimentos é um dos fatores de cura. O espírito aventureiro de uns, a sensibilidade de outros e a companhia agradável pode ajudar a vencer a depressão. Precisamos nos preencher de coisas que elevem nosso espírito tanto a Deus quanto ao próximo. Tente trocar o sofá da sala, a TV ligada em noticiários trágicos, aquele jogo viciante de vídeo game, aquela solidão de conversar com as próprias paredes e sair com pessoas queridas, ir à Igreja, ler a Bíblia Sagrada, ler livros edificantes, tentar conhecer-se melhor, buscar seu lugar ao Sol. Certamente o vazio existencial causador de sintomas psicossomáticos e hormonais será amenizado.
            A ansiedade é outro fator que pode ser vencido por meio de bons relacionamentos. Para muitos homens, é difícil esperar a esposa se preparar para ir à igreja. Vejo isso como tratamento de Deus contra a ansiedade! Da mesma forma, algumas mulheres que ficam em casa enquanto o maridão trabalha depositam na comida o seu fator de contentamento, por se sentirem sozinhas começam a comer freneticamente. Tantos são os males que podemos evitar quando depositamos nossa fé no relacionamento, principalmente com Deus, e também com as pessoas, somos ajudados no tratamento das angústias do coração quando saímos do nosso próprio eu e migramos em direção ao outro.
            A Felicidade é uma decisão!
            Muitos andam tristes por aí, pois em algum momento de suas vidas resolveram seguir sozinhos. Porém, devemos lembrar que a responsabilidade pela felicidade não pode estar no outro seja ele cônjuge, amigo, irmão da igreja, ou até mesmo o Pastor. Mas, deve ser algo conquistado como resultado da harmonia interior que temos quando aprendemos a lidar com os defeitos e virtudes das pessoas ao nosso redor. Que essa seja a sua busca diária!

5. Interrogação (?)
            Quando pensamos na estrutura de um texto precisamos ter em mente a simulação de algumas perguntas que serão respondidas no decorrer do desenvolvimento das ideias, colocamos questionamentos mesmo sem o aparecimento do ponto de interrogação (a este fenômeno chamamos de perguntas indiretas). Já o uso do ponto de interrogação denota uma pergunta direta, aquela que fazemos geralmente em frases mais curtas e com a intenção de deixar explicito ao leitor a presença de um questionamento. O uso do ponto de interrogação é de extrema relevância, sem ele os grandes questionamentos humanos, sejam os mais simplórios e rotineiros ou os mais filosóficos e sociais, não poderiam ter a grandeza que possuem e chegar até nós de maneira lúcida e prática. Na construção de uma boa redação simulamos perguntas e as respondemos no decorrer do texto essas respostas, uma vez bem elaboradas e conectadas dão fluidez e clareza à redação.
            Conforme analisamos o andamento dos nossos relacionamentos percebemos a necessidade da inserção de interrogações, estas podem ser das maiores – como valores de vida, caráter, projetos de futuro, conflitos pessoais e familiares etc.; como das menores – é primordial que o marido ao chegar em casa pergunte à esposa detalhes do seu dia, se está tudo bem, precisando de algo, etc.      
            Por vezes a mulher tenta mudar o cabelo, a roupa, a maquiagem a fim de agradar o marido que ao chegar em casa dispensa a maior parte do tempo livre que seria para o relacionamento dos dois com coisas supérfluas, ou apenas, com nada. Chamamos a isto de insensibilidade – um dos grandes causadores de frustração para o casal. Por não se sentirem importantes ou valorizadas deixam seu coração esfriar e o relacionamento que dantes era de extrema importância torna-se frívolo até culminar num divórcio.  Afinal, pouco importa como foi o dia dela, se está cansada ou se aconteceu alguma coisa importante. Já que o dia do homem foi tão corrido cheio de problemas a resolver e milhões de outros afazeres para pensar, por que perder tempo em querer saber de mais problemas para resolver dentro de casa? A insensibilidade de um pelo outro afasta os cônjuges e a comunicação é grandemente prejudicada.  
            Perguntas simples podem salvar o seu casamento e fortalecer os vínculos conjugais, contudo, esteja pronto para ouvir quando perguntar.
            O mesmo princípio vale para as amizades perguntas simples, mas sinceras são capazes de trazer refrigério ao coração. Quando sentimos que o outro se importa conosco a ponto de querer saber o que passamos ou como vivemos, o nosso íntimo se enche de afeto e aceitação. Podemos conversar por horas relatando fatos, situações ou o que nos aflige se sentirmos verdade na pergunta do outro.
            Contudo, o que temos visto são perguntas vazias cuja real intenção não está em saber “como vai você?”, o locutor nem sempre está interessado em conhecer o que se passa com o outro, mas por uma questão de manter contato presta-se ao papel de aparentar interesse. Quando se diz ao amigo “Está tudo bem?”, na maioria das vezes a resposta é “Sim! Está!” No entanto, o semblante não esconde o que se passa na alma e podemos reconhecer fielmente quando uma resposta pronta é somente um mecanismo de resposta social (aquele do tipo que o outro gostaria de ouvir). Todavia, se a mesma questão for realizada pela segunda vez poderemos nos surpreender com as respostas! De repente, numa terceira vez, poderá nos causar espanto pelas verdades que serão compartilhadas.
            Reiterando o que foi dito anteriormente vivemos numa sociedade superficial que nos cobra relacionamentos maduros e consistentes, mas eleva-nos a um grau de não mais nos importar com os problemas dos outros e, simples perguntas como estas vão sendo erradicadas do nosso meio. É mais fácil “lidar” com as máquinas tão amplamente impostas como de extrema necessidade, afinal, não podem exercer contrariedade conosco.
            Uma outra questão relevante é o modo como ouvimos as respostas, por vezes até perguntamos com sinceridade no coração, mas na hora de deixar o nosso eu de lado e ouvir o outro somos tomados pelo vício de “donos da verdade” deixando de receber o compartilhamento do outro como apenas um “abrir de coração”. Nossa linguagem corporal fala mais alto do que nossas palavras, elementos como tom de voz, colocação das mãos, e o olhar nos olhos são de extrema importância. A forma como nos comunicamos poderá determinar a continuidade do relacionamento ou a quebra da confiança.
            Importe-se com as pessoas ao seu redor! Entenda o clamor do seu coração!

6. Ponto Final (.)
            A principal função do ponto final é a de encerrar uma ideia após longo período de redação/discussão, logo, vamos utilizar a lógica de finalização intrínseca a este ponto para pensarmos nossos relacionamentos. Julgo interessante elencar áreas as quais necessitam, urgentemente, do ponto final.
            Certa vez, uma jovem me procurou dizendo: “Pastor, estou namorando há oito anos! Ele não fala em casamento, não planeja nada com relação a uma futura união. Será que ele está enrolando para não se casar comigo?”. Minha resposta foi clara, mesmo depois de ter segurado aquele sorriso que já responde tudo por si somente. Respondi que em algumas áreas de nossas vidas precisamos delimitar o que importa e o que pode ser descartado, precisamos firmemente decidir por finalizações. Afirmei que seria imprescindível colocar um ponto final nessa situação – ou partir para o casamento ou encerrar o relacionamento. Afinal, o casamento foi feito para durar. O namoro, enquanto etapa de vida, para terminar.    É preciso terminar uma etapa para então dar início a outra, ou viveremos como eternas crianças em um mundo que precisa de adultos responsáveis e conscientes. Quanto sofrimento na vida poderia ser amenizado se soubéssemos colocar pontos finais!
            Algumas pessoas continuam rememorando traumas do passado em que feridas emocionais causadoras de profunda dor ainda continuam abertas por falta de um ponto final, – situações como palavras malditas lançadas sobre você ou mesmo proferidas por você e, a falta de perdão. Precisamos de pontos finais urgentemente! Precisamos voltar à vida, e não se pode fazer isso com fardos do passado reverberando no presente. Deixe para trás a dor e viva o amor de Deus que é perfeito em paz, bondade e justiça!
            Tudo o que não é bênção para a sua vida precisa terminar. Hoje você pode estar vivendo situações constrangedoras como dívidas ou favores não pagos, situações mal resolvidas em que o “dito” passou pelo “não dito”, injustiças feitas por pessoas de sua confiança e muitos outros males que nos causam tanta dor e que estamos sujeitos a passar neste mundo. Contudo, há esperança para você! Use o poder dado por Jesus na Cruz para vencer o maligno, a sua luta não é contra o seu próximo e sim contra os principados e potestades das regiões celestes. Dê o primeiro passo, coloque um ponto final. Perdoe o outro e acima de tudo, perdoe a si mesmo.
            O ponto final também deve ser colocado nos vícios de muitos que estão na igreja há anos, porém continuam lutando contra o cigarro, a bebida, a pornografia, jogos de azar, a gula, e tantos outros. São pessoas que já foram confrontadas pela Palavra de Deus, mas não se decidiram realmente pelo ponto final. Sei que não é nada fácil terminar um assunto, pedir e liberar perdão e colocar uma pedra sobre assuntos antigos. Contudo, é uma questão de decisão. Decida hoje pela nova vida em Cristo!
            Podemos entender o ponto final como os limites que precisam ser demarcados em nossas vidas. Não podemos viver sem a presença dos “nãos” os quais são de extrema importância na formação do caráter psicossocial. Famílias estão sendo destruídas por pais que não se sentem aptos a colocar limites em seus filhos; filhos estão sendo destruídos por desconhecerem os limites que a família, sociedade e até mesmo a igreja deveriam impor para eles; pessoas estão sendo destruídas por não saberem dizer não.
            Todos passamos por fases na vida. O ciclo natural vai da infância, adolescência, juventude, fase adulta até a velhice; em cada fase precisamos colocar pontos finais. É muito complicado conviver com alguns adultescentes – aquela pessoa que não finalizou a adolescência apesar de já estar avançado na fase adulta – biologicamente vive como um adulto, no entanto, mentalmente ainda se vê como adolescente, quando não, criança. Os pontos finais são bênçãos para nossas vidas e apesar de indicar o encerramento de etapas desempenha um importante papel em cada fase. Ninguém deseja permanecer na faculdade o resto da vida, o desejo de todo universitário em sã consciência é concluir o curso e poder se dedicar à profissão. O ponto final dá-nos esse direito. Não tenha medo dos pontos finais, até aquele último das nossas vidas deve ser almejado por ser o momento em que passaremos a viver eternamente com o nosso Deus!

            Considerações finais

            Ao utilizarmos bem todas essas pontuações e contarmos com a ajuda de Deus, certamente o sucesso virá em boa parte dos relacionamentos sejam eles de amizade, familiar ou o conjugal. “Se você tem algo contra o seu irmão TENHA PRESSA NA RECONCILIAÇÃO”. Então, antes de levar sua oferta ao Senhor lembre-se de ir até aquele que te ofendeu e oferecer-lhe o perdão, temos a certeza de que o retorno de Jesus Cristo será muito em breve e talvez amanhã seja tarde demais para você se reconciliar com alguém.  Outra certeza que temos é que na Nova Jerusalém – a cidade que Deus preparou para nós – não haverá nenhum tipo de desavença ou ódio, dissenção, fofocas, ou qualquer tipo de sentimento contrário ao amor de Deus. Todos viverão em perfeita comunhão. Isto significa que se você tem algo contra alguém ou você ou essa pessoa não chegarão até o Céu. Sendo assim, apresse-se! O fim está próximo e você não conhece o dia de amanhã. Não aceite carregar pendências, o ponto final é saúde para o espírito e para os ossos.

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