COLOCANDO OS PINGOS NOS ÍS.
Gênesis 4.8-16
Disse, porém, Caim a seu irmão Abel:
"Vamos para o campo". Quando estavam lá, Caim atacou seu irmão Abel e
o matou. Então o Senhor perguntou a Caim: "Onde está seu irmão Abel?
" Respondeu ele: "Não sei; sou eu o responsável por meu irmão?"
Disse o Senhor: "O que foi que você fez? Escute! Da terra o sangue do seu
irmão está clamando. Agora amaldiçoado é você pela terra, que abriu a boca para
receber da sua mão o sangue do seu irmão. Quando você cultivar a terra, esta
não lhe dará mais da sua força. Você será um fugitivo errante pelo mundo".
Disse Caim ao Senhor: "Meu castigo é maior do que posso suportar. Hoje me
expulsas desta terra, e terei que me esconder da tua face; serei um fugitivo
errante pelo mundo, e qualquer que me encontrar me matará". Mas o Senhor
lhe respondeu: "Não será assim; se alguém matar Caim, sofrerá sete vezes a
vingança". E o Senhor colocou em Caim um sinal, para que ninguém que
viesse a encontrá-lo o matasse. Então Caim afastou-se da presença do Senhor e
foi viver na terra de Node, a leste do Éden.
O sucesso e/ou o
fracasso nos relacionamentos está intrinsecamente ligado a capacidade do ser
humano de lidar com as diferenças, de respeitar o outro enquanto dono de um
espaço (privacidade), da incompatibilidade de gênios analogamente definida como
“personalidades opostas” e, por uma política psicossocial que vem reformulando
a ideia de sociedade. Nem preciso considerar que a sociedade dos dias atuais
vive o oposto do que tínhamos há vinte anos, somos habilmente manipulados pela
era digital que dia a dia nos afirma o quanto somos “capazes” de viver
sozinhos, com amigos virtuais, ambientes digitais e famílias modernamente
modificadas pelo conceito de “pai, mãe, filhos” desfeito frente aos nossos
olhos. A começar pelas brincadeiras das crianças, se comparadas com as atuais
veremos a discrepância. O mais divertido era o esconde-esconde, o futebol na
rua com os gols de chinelo havaiana ou um tijolinho, carrinhos de rolimã, pula
corda, etc... Hoje em dia muitos pais cedem à insistência dos filhos,
entregam-lhe aparelhos eletrônicos ou o melhor lançamento de vídeo games e
pensam estar educando seus filhos deixando-os sozinho
por horas vendo desenhos favoritos na TV e/ou brincando com os joguinhos da
moda. Muitos são viciantes e destrutivos para o cérebro de crianças, mas o que
se há de fazer como os novos modelos de educação familiar.
Pesquisas
confirmam que a tensão gerada por relacionamentos fracassados é um dos maiores
causadores de stress e afastamento de novos relacionamentos. É mais simples conviver
com o outro em distância física e emocional via redes sociais que trabalhar
para construir bases sólidas de convivência real. Contudo, Deus fez o homem
para viver em comunidade, por tal razão, devemos ter em mente que aprender a
conviver de forma agradável com o outro demanda tempo e empenho. É necessário
aprender sobre o outro – seus gostos, qualidades, defeitos, sonhos, visão de
mundo etc. para que possamos estabelecer pontos de contato e a amizade ou
relação conjugal florescer. Quero ressaltar dois grandes empecilhos no
relacionamento interpessoal que devem ser bravamente combatidos:
Relacionamento Individualista
A
individualidade está presente no Ser Humano, é parte do que Deus projetou para
a plena realização de sua natureza divina aqui na terra, é o caráter individual
de cada um. Pela individualidade somos capazes de nos distinguir uns dos
outros, de viver como um ser único criado a imagem e semelhança de Deus com atributos
próprios e originalidade – somos únicos pela pigmentação dos olhos, dos
cabelos, da pele, pelas ideias alimentadas e pela personalidade tão habilmente
atribuída a cada um de forma diferenciada.
Contudo,
há uma ampla diferença entre individualidade
e individualismo. A individualidade está ancorada na
segurança, na determinação e capacidade de escolha, é uma característica
saudável da personalidade e um atributo de Deus para a vida em comunidade. Já o individualismo é a tendência de quem
vive exclusivamente para si, que demonstra pouca ou nenhuma solidariedade
frente a acontecimentos de outrem. É a
valorização do seu “eu” acima de qualquer outra pessoa ou coisa. É uma
característica doentia da personalidade cujo Ser é incapaz de aprender com experiências
externas, suas necessidades estão em primeiro lugar e as dos outros, em último.
Caim, no relato do texto acima referenciado, mostra-nos
uma personalidade extremamente individualista, quando Deus pergunta sobre Abel,
seu irmão, Caim não pode responder com sinceridade, pois não se importa com o
que acontece com ele. Numa atitude típica de pessoas individualistas denota o
pensamento “não importa os outros, só importa o que eu quero, o que eu sinto, o
que vejo, penso, falo, e faço”.
“Não importa o que está
acontecendo com meu irmão. Nem sei aonde ele está! Por acaso eu sou o pai dele?
Sou eu que tenho que cuidar dele?”. O individualista é egoísta, não tem senso
de comunidade e nem consegue viver em comunidade, afinal, tudo o que realmente
importa é se ele está bem.
Dentro de nossas igrejas temos vivido Individualismos – chegamos a nos
importar em ser reconhecidos como os que “fazem o social”, ajudam pessoas em
situações de necessidade, contudo, sem se importar verdadeiramente com o estado
do próximo. Num falso Cristianismo pregamos o que não é vivido.
Relacionamento Superficial
Outro
ponto relevante quando se pretende desenvolver relacionamentos de qualidade é erradicação
da superficialidade. Este termo é relativo à superfície, ao que é pouco
profundo, de caráter superficial. Ou seja, o que não desenvolveu raízes
profundas capazes de sedimentar uma relação madura e consistente. Caim e Abel
tinham um relacionamento extremamente superficial, a Bíblia nos confirma que
Abel era pastor de ovelhas e Caim lavrador – um cuidava de ovelhas em campos
limpos e o outro lavrava a terra para plantação e colheita de vegetais. Isto
significa que eles não se encontravam costumeiramente em suas tarefas diárias,
era estritamente necessário que vivessem longe um do outro em terras distantes
para que seus afazeres profissionais fossem viáveis. Por obra do tempo e da
distância física sentiam-se longe um do outro.
O
pastor Abel precisava andar por lugares diferentes procurando grama verde para
suas ovelhas pastarem. Já o lavrador Caim cultivava suas terras provavelmente
nas redondezas de sua casa. Pode-se imaginar que eles se encontravam de vez em
quando para uma reunião familiar com seus pais e para oferecer os sacrifícios a
Deus.
Como
diz o sábio em Eclesiastes: “Não há nada novo debaixo do sol”. Quando pensamos
estar vivendo em um tempo diferente a bíblia mostra-nos exemplos de pessoas que
já passaram pelo achamos ser novo, alguém ou algum povo já passou antes de nós.
Com advento das Redes Sociais mantemos contato com mais de 1000 amigos, mas não
temos tempo para os membros de nossa família. Quantos de nós temos um grupo da família
no Whatsapp? Quantos de nós mandamos recados para os seus filhos ou parentes
pelo Facebook, e-mail, etc? Quantos vizinhos mantemos relacionamento pessoal?
São questionamentos que têm se tornado difíceis de conseguir respostas. As
redes sociais podem e devem ser usadas como ferramentas importantes não questiono
sua utilidade, apenas pretendo explorar a importância da valorização do
relacionamento interpessoal em detrimentos dos superficiais típicos das redes
sociais. Nada tem mais valor emocional que olhar nos olhos, pegar na mão, e
abraçar nossos queridos.
Todos
somos dotados de um perfil e uma personalidade diferente como um DNA
psicológico que nos faz seres únicos em espécie e em sentimentos. Certamente é
mais fácil manter amigos virtuais, bem como não é tão simples cultivar bons
relacionamentos. Vivemos numa superficialidade sem fim. Ninguém está disposto a
ser autêntico e verdadeiro se isto põe a prova o quanto temos do caráter de
Deus trabalhado em nós. Dizer a verdade não é denegrir o outro e muito menos
agredir, ser verdadeiro implica seguir a verdade em amor, aquele que Cristo
deixou-nos como exemplo – ame o seu próximo como a ti mesmo, se algo for te
ofender assim também ofenderá ao outro. Não dê ao outro o que não estarás
disposto a receber.
Proponho
uma reflexão ainda mais profunda no quesito “Construção dos relacionamentos”,
pensemos alguns pontos fundamentais no relacionamento como quando pensamos na redação
de um texto. Para se escrever um texto precisamos seguir alguns parâmetros como
a utilização de sinais de pontuação. Não posso chamar de regras porque sempre
tem aquele que foge à regra e isso também deve respeitado, cada casa sua
especificidade. O que posso dizer é que a pontuação faz toda a diferença numa
frase, observe:
Meu relógio sumiu? Não! Está na gaveta.
Meu relógio sumiu. Não está na gaveta?
Meu relógio sumiu não, está na gaveta!
Meu relógio sumiu? Não está na gaveta?
Meu relógio sumiu, não está na gaveta.
Vamos colocar os
pingos nos ís, comecemos pela:
1. Letra
Maiúscula
Sempre
que vamos começar um texto ou um parágrafo utilizamos a letra maiúscula como letra
inicial e, para o desenvolvimento das ideias, as minúsculas. Consideramos que
apesar da letra maiúscula precisar se diferenciar das demais (minúsculas) ela
continua mantendo sua identidade e sentido; ser maiúscula não a faz deixar de
ser letra, é apenas uma condição estratégica.
Em
Provérbios 17.17 encontramos uma definição bastante peculiar do que seria o
verdadeiro amigo: “Em todo tempo ama o amigo, e na angústia se faz o irmão”. No
dia-a-dia e no relacionamento interpessoal normalmente matemo-nos próximos às
pessoas, no entanto, é na dificuldade que descobrimos um bom amigo. Esse é o
diferencial de pessoas comuns, conhecidos, dos amigos. E o mais interessante: quando
ganhamos uma amizade por meio de sacrifícios, conjuntamente recebemos uma
recompensa. Não digo que será uma recompensa monetária, recompensas podem vir
de todos os lados (e até mesmo monetária), contudo, um sincero “muito obrigado”
de um amigo verdadeiro, certamente, fixa-se em nós com efeitos imensuráveis e
valor inestimável.
O Princípio de Waldorf
Há
muitos anos atrás um casal idoso entrou num pequeno hotel da cidade de
Filadélfia numa noite de forte temporal, fugindo da chuva o casal se dirigiu à
recepção do hotel na esperança de encontrar um abrigo para passar a noite.
̶ Queremos um quarto, por favor, solicitou o
marido.
O
recepcionista era um homem cordial e de sorriso cativante.
̶
O hotel está lotado, disse ele, explicando que estava ocorrendo três convenções
na cidade. No entanto, ponderou que não poderia deixar um casal tão simpático
ir embora na chuva já sendo madrugada.
̶
Quem sabe vocês não querem ficar no meu quarto? Não é uma suíte luxuosa, mas vocês
poderão passar a noite com um pouco de conforto.
O
casal recusou, mas o recepcionista insistiu afirmando que estaria bem para
passar a noite em outro compartimento do hotel que não fosse seu próprio
quarto. O casal concordou em ficar.
Na
manhã seguinte, ao efetuar o pagamento, aquele senhor disse ao recepcionista: ̶ Você é um homem fora do comum. Não é
fácil encontrar pessoas que sejam ao mesmo tempo simpáticas e solícitas hoje em
dia. Você é o tipo de funcionário que deveria estar no comando do melhor hotel
dos Estados Unidos. Quem sabe um dia eu construo um grande hotel para você
gerenciar.
Dois
anos depois o recepcionista continuando a trabalhar no mesmo hotel recebeu uma
carta daquele senhor. No bilhete, o hóspede relembrava a noite chuvosa e o convidava
a para uma visita em Nova Iorque já com passagem de ida e volta ofertadas, os
dois se encontraram em Nova Iorque e dirigindo-se à esquina da Quinta Avenida
com a Rua 34 o magnata aponta para um novo e enorme prédio – um verdadeiro
palácio de pedras vermelhas e torres que se erguiam, imponentes, em direção ao
céu. E para a surpresa do recepcionista afirma:
̶
Esse aí é o hotel que eu gostaria que você administrasse, disse-lhe.
O
nome daquele senhor era William Waldorf Astor, e o magnífico prédio em questão
era o Hotel Waldorf-Astoria em sua versão original. O recepcionista que veio a
tornar-se o seu primeiro gerente foi George C. Boldt. Ele jamais poderia imaginar
que um simples gesto de serviço sacrificial o levaria a ser gerente de um dos
hotéis mais luxuosos do mundo.
2. Vírgulas
(,)
As
vírgulas significam pequenas pausas para que o leitor tenha tempo de tomar um
ar, respirar fundo e continuar a fluidez do
assunto tratado na redação. Dentro da analogia que estamos tratando é
primordial, essencial e de suma importância que tenhamos uma pausa na rotina do
dia-a-dia para dar um pouco mais de atenção aos nossos relacionamentos.
Nossa
sociedade vive imersa num ativismo sem fim fazendo com que o indivíduo viva a
correr para cumprir prazos e dar conta de coisas. A repetição de situações como
sair do trabalho, pegar trânsito, planejar o futuro, estressar-se com os
acontecimentos de casa, da faculdade, da escola dos filhos, do tempo em família
que não se tem, é altamente degenerativo para uma vida social plena. Boa parte
dos sofrimentos humanos seriam amenizados se colocássemos as vírgulas nos
lugares certos, noutras palavras, se soubéssemos o momento certo de fazer pequenas,
e ate mesmo grandes, pausas.
Para
que um relacionamento vá bem, é necessário que se faça pausas a fim de investir
tempo em conhecer o outro e conhecer-se diante dos olhos dos outros. Dentro do
relacionamento de amizade se o amigo é aquele que não se importa com o outro,
não liga para conversar, não demonstra interesse pela vida do próximo, não se
faz amigo em tempo de crise, infelizmente, em breve esse relacionamento não
mais existirá. Depois de um tempo tudo o que era imprescindível torna-se
dispensável.
No
casamento não pode ser diferente, se o marido não faz pausas em sua agenda para
sair com a esposa, assistir um filme, ir a um restaurante, a um parque, um
piquenique, ou qualquer outro lugar importante para os dois e de relevância
para um tempo de qualidade, o amor não terá fonte de alimento para resistir às
dificuldades da rotina. O contrário também acontece. A esposa precisa estar em
contato direto com o coração de seu marido, muitas vezes a vida corrida de
afazeres domésticos, negócios e inúmeros trabalhos tomam o tempo que seria da
família, não havendo mais tempo para o relacionamento, consequentemente, o amor
esfria-se e a distância cada vez mais cresce em largura e profundidade.
Precisamos ser vírgulas para
textos/vidas melhor compreendidas e melhor vividas.
Outro
ponto relevante para o uso da vírgula é o das amizades nocivas que corroem o
nosso coração, que nos fazem mal ao invés de bem, são capazes de suscitar mágoas,
mas não o são de pedir perdão. Quando nos sentimos denegridos em um
relacionamento de amizade o qual deve ser visto como ambiente amistoso de
depósito de sentimentos reais e humanos, é porque está na hora de usarmos da pausa. Precisamos aprender a colocar
limites àqueles que não nos acrescentam nada, ao contrário, atrapalham o nosso
crescimento.
3. Ponto
e vírgula (;)
O
ponto e vírgula é uma pontuação peculiar, pois remete-nos a pausas maiores. Não
podemos tratá-lo como ponto final uma vez que sua intenção é a de separação das
ideias. Usamos ponto e vírgula quando precisamos separar uma sequência de
termos em uma frase. As pausas são maiores, mas ainda não são finais de
parágrafo, logo, não deve ser tratado só como ponto ou só como uma vírgula.
Assim, nos nossos relacionamentos, precisamos tratar as pessoas de forma
diferente, conforme a especificidade de cada uma.
Damas versus Xadrez.
Qual
é a grande diferença entre o jogo de Dama e o jogo de Xadrez?
Para
ganhar no xadrez, é preciso primeiro aprender como cada peça se movimenta desde
o peão, a torre, o cavalo, até a rainha e o rei. Bobby Fischer, um dos maiores
enxadristas, afirmou: “A vitória no jogo de xadrez é uma questão de entender
como tirar o máximo proveito dos atributos de cada peça e saber a hora exata de
movimentá-las”. Em outras palavras, não devemos dispensar um tratamento
padronizado nem ter as mesmas expectativas acerca de todas as peças como se
fossem produtos idênticos no tabuleiro. No jogo de damas todas as peças se movimentam
da mesma maneira, diferentemente do xadrez, onde o modo de andar com as peças
varia de acordo com o potencial de cada uma delas. A pessoa sensata age como um
jogador de xadrez em seus relacionamentos, e não como um jogador de damas, sua
forma de conectar-se às pessoas varia de acordo com a personalidade e as
qualidades que elas têm. Pessoas são diferentes, dotadas de uma combinação de
características únicas. A grande diferença entre o jogo de Damas e o jogo de
Xadrez são as peças!
4. Exclamação
(!)
Utilizamos
o sinal de exclamação quando desejamos expor emoção no enunciado. Logo, quando
estamos lendo um texto e percebemos a presença da exclamação sabemos que há
sentimentos e sensações envolvidos com a ação, o autor pode estar desejando que
o leitor sinta o mesmo, participe das ações dos personagens, ou até mesmo
identifique-se com a situação em questão.
Ninguém
gosta de mesmice, de uma vida sem brilho nos olhos, sem esperança no amanhã,
daquele marasmo que não deixa a pessoa lutar pelos sonhos, da mesma forma isto
também acontece nos relacionamentos. É preciso buscar a emoção dos primeiros
dias de conquista (também vale para as amizades), desenvolver o desejo pela
conquista de sonhos juntos, ter prazer em estar na companhia um do outro. São
atitudes simples que funcionam como bálsamo às feridas que vamos “adquirindo”
com o passar dos dias. A emoção ocupa lugar importante quando se trata dos
relacionamentos.
Estudos
psíquicos confirmam que os seres humanos tendem a gravar dados ou informações
que contenham grandes doses de emoção com maior eficiência. A vida fica mais “colorida”
quando colocamos emoção! É tão bom quando estamos amando! Como é maravilhoso
viver a vida e aproveitar cada momento ao lado dos nossos amados!
Não
há como sustentar o relacionamento conjugal sem Amor, sem perceber o coração bater mais forte, sem aquele friozinho
na barriga típico de quando estamos em descoberta do outro. Contudo, precisamos
cuidar com carinho do amor que temos
em mãos para que a rotina tão sem sabor do dia-a-dia não mingue as forças de
ambos os cônjuges e o relacionamento que dantes era tão prazeroso torne-se
insípido.
Também
podemos promover essa emoção nas amizades por coisas tão simples, quem não se
sente amado quando recebe uma cartinha, um bilhete ou um recadinho surpresa?
São exemplos singelos, mas de grande valor emocional. Um coração aquecido pelo
amor do outro pode fazer grandes milagres, ainda que esses grandes milagres
sejam apenas sorrisos. Lembro-me das cargas emocionais negativas que tive ao
discutir e brigar com alguns amigos ainda na adolescência; sensações ruins aos
poucos nos corroem o coração e quando menos percebemos estamos endurecidos e
incapazes de nos importar com os sentimentos alheios.
É
interessante lembrar que os momentos da infância na presença de amigos são
lembranças inesquecíveis, lembramo-nos das brincadeiras mais divertidas e até
das não tão legais assim. São momentos inestimáveis! Uns bons, outros ruins,
mas com a turma sempre junta. Lembro-me da viagem de formatura da oitava série
com toda a galera, dos churrascos na casa dos amigos, das trilhas nos arredores
da cidade... Quanta coisa se vive na presença de pessoas queridas!
Quero
ressaltar ainda a importância das amizades no combate a um dos piores males de
nosso século, a Depressão. Não estou dizendo que a presença de amigos trará
cura, uma vez que, trata-se de uma doença e como tal necessita de intervenção
médica, psiquiátrica e psicológica. Mas, certamente, reconhecer-se rodeado de
pessoas de bons sentimentos é um dos fatores de cura. O espírito aventureiro de
uns, a sensibilidade de outros e a companhia agradável pode ajudar a vencer a
depressão. Precisamos nos preencher de coisas que elevem nosso espírito tanto a
Deus quanto ao próximo. Tente trocar o sofá da sala, a TV ligada em noticiários
trágicos, aquele jogo viciante de vídeo game, aquela solidão de conversar com
as próprias paredes e sair com pessoas queridas, ir à Igreja, ler a Bíblia
Sagrada, ler livros edificantes, tentar conhecer-se melhor, buscar seu lugar ao
Sol. Certamente o vazio existencial causador de sintomas psicossomáticos e
hormonais será amenizado.
A
ansiedade é outro fator que pode ser vencido por meio de bons relacionamentos.
Para muitos homens, é difícil esperar a esposa se preparar para ir à igreja.
Vejo isso como tratamento de Deus contra a ansiedade! Da mesma forma, algumas
mulheres que ficam em casa enquanto o maridão trabalha depositam na comida o
seu fator de contentamento, por se sentirem sozinhas começam a comer
freneticamente. Tantos são os males que podemos evitar quando depositamos nossa
fé no relacionamento, principalmente com Deus, e também com as pessoas, somos
ajudados no tratamento das angústias do coração quando saímos do nosso próprio eu e migramos em direção ao outro.
A
Felicidade é uma decisão!
Muitos
andam tristes por aí, pois em algum momento de suas vidas resolveram seguir sozinhos.
Porém, devemos lembrar que a responsabilidade pela felicidade não pode estar no
outro seja ele cônjuge, amigo, irmão da igreja, ou até mesmo o Pastor. Mas,
deve ser algo conquistado como resultado da harmonia interior que temos quando
aprendemos a lidar com os defeitos e virtudes das pessoas ao nosso redor. Que
essa seja a sua busca diária!
5. Interrogação
(?)
Quando
pensamos na estrutura de um texto precisamos ter em mente a simulação de algumas
perguntas que serão respondidas no decorrer do desenvolvimento das ideias, colocamos
questionamentos mesmo sem o aparecimento do ponto de interrogação (a este
fenômeno chamamos de perguntas indiretas). Já o uso do ponto de interrogação
denota uma pergunta direta, aquela que fazemos geralmente em frases mais curtas
e com a intenção de deixar explicito ao leitor a presença de um questionamento.
O uso do ponto de interrogação é de extrema relevância, sem ele os grandes
questionamentos humanos, sejam os mais simplórios e rotineiros ou os mais
filosóficos e sociais, não poderiam ter a grandeza que possuem e chegar até nós
de maneira lúcida e prática. Na construção de uma boa redação simulamos
perguntas e as respondemos no decorrer do texto essas respostas, uma vez bem
elaboradas e conectadas dão fluidez e clareza à redação.
Conforme
analisamos o andamento dos nossos relacionamentos percebemos a necessidade da
inserção de interrogações, estas podem ser das maiores – como valores de vida,
caráter, projetos de futuro, conflitos pessoais e familiares etc.; como das
menores – é primordial que o marido ao chegar em casa pergunte à esposa
detalhes do seu dia, se está tudo bem, precisando de algo, etc.
Por
vezes a mulher tenta mudar o cabelo, a roupa, a maquiagem a fim de agradar o
marido que ao chegar em casa dispensa a maior parte do tempo livre que seria
para o relacionamento dos dois com coisas supérfluas, ou apenas, com nada.
Chamamos a isto de insensibilidade –
um dos grandes causadores de frustração para o casal. Por não se sentirem importantes
ou valorizadas deixam seu coração esfriar e o relacionamento que dantes era de extrema
importância torna-se frívolo até culminar num divórcio. Afinal, pouco importa como foi o dia dela, se está
cansada ou se aconteceu alguma coisa importante. Já que o dia do homem foi tão corrido
cheio de problemas a resolver e milhões de outros afazeres para pensar, por que
perder tempo em querer saber de mais problemas para resolver dentro de casa? A insensibilidade de um pelo outro afasta
os cônjuges e a comunicação é grandemente prejudicada.
Perguntas
simples podem salvar o seu casamento e fortalecer os vínculos conjugais,
contudo, esteja pronto para ouvir quando perguntar.
O
mesmo princípio vale para as amizades perguntas simples, mas sinceras são
capazes de trazer refrigério ao coração. Quando sentimos que o outro se importa
conosco a ponto de querer saber o que passamos ou como vivemos, o nosso íntimo
se enche de afeto e aceitação. Podemos conversar por horas relatando fatos,
situações ou o que nos aflige se sentirmos verdade na pergunta do outro.
Contudo,
o que temos visto são perguntas vazias cuja real intenção não está em saber
“como vai você?”, o locutor nem sempre está interessado em conhecer o que se
passa com o outro, mas por uma questão de manter
contato presta-se ao papel de aparentar interesse. Quando se diz ao amigo “Está
tudo bem?”, na maioria das vezes a resposta é “Sim! Está!” No entanto, o
semblante não esconde o que se passa na alma e podemos reconhecer fielmente
quando uma resposta pronta é somente
um mecanismo de resposta social (aquele do tipo que o outro gostaria de ouvir).
Todavia, se a mesma questão for realizada pela segunda vez poderemos nos
surpreender com as respostas! De repente, numa terceira vez, poderá nos causar
espanto pelas verdades que serão compartilhadas.
Reiterando
o que foi dito anteriormente vivemos numa sociedade superficial que nos cobra
relacionamentos maduros e consistentes, mas eleva-nos a um grau de não mais nos
importar com os problemas dos outros e, simples perguntas como estas vão sendo
erradicadas do nosso meio. É mais fácil “lidar” com as máquinas tão amplamente
impostas como de extrema necessidade, afinal, não podem exercer contrariedade
conosco.
Uma
outra questão relevante é o modo como ouvimos as respostas, por vezes até
perguntamos com sinceridade no coração, mas na hora de deixar o nosso eu de lado e ouvir o outro somos tomados
pelo vício de “donos da verdade” deixando de receber o compartilhamento do
outro como apenas um “abrir de coração”. Nossa linguagem corporal fala mais alto
do que nossas palavras, elementos como tom de voz, colocação das mãos, e o
olhar nos olhos são de extrema importância. A forma como nos comunicamos poderá
determinar a continuidade do relacionamento ou a quebra da confiança.
Importe-se
com as pessoas ao seu redor! Entenda o clamor do seu coração!
6. Ponto
Final (.)
A
principal função do ponto final é a de encerrar uma ideia após longo período de
redação/discussão, logo, vamos utilizar a lógica de finalização intrínseca a
este ponto para pensarmos nossos relacionamentos. Julgo interessante elencar áreas
as quais necessitam, urgentemente, do ponto final.
Certa
vez, uma jovem me procurou dizendo: “Pastor, estou namorando há oito anos! Ele
não fala em casamento, não planeja nada com relação a uma futura união. Será
que ele está enrolando para não se casar comigo?”. Minha resposta foi clara,
mesmo depois de ter segurado aquele sorriso que já responde tudo por si
somente. Respondi que em algumas áreas de nossas vidas precisamos delimitar o
que importa e o que pode ser descartado, precisamos firmemente decidir por
finalizações. Afirmei que seria imprescindível colocar um ponto final nessa situação – ou partir para o casamento ou encerrar
o relacionamento. Afinal, o casamento foi feito para durar. O namoro, enquanto
etapa de vida, para terminar. É preciso
terminar uma etapa para então dar início a outra, ou viveremos como eternas
crianças em um mundo que precisa de adultos responsáveis e conscientes. Quanto
sofrimento na vida poderia ser amenizado se soubéssemos colocar pontos finais!
Algumas
pessoas continuam rememorando traumas do passado em que feridas emocionais
causadoras de profunda dor ainda continuam abertas por falta de um ponto final,
– situações como palavras malditas lançadas sobre você ou mesmo proferidas por
você e, a falta de perdão. Precisamos de pontos finais urgentemente! Precisamos
voltar à vida, e não se pode fazer isso com fardos do passado reverberando no
presente. Deixe para trás a dor e viva o amor de Deus que é perfeito em paz,
bondade e justiça!
Tudo
o que não é bênção para a sua vida precisa terminar. Hoje você pode estar vivendo
situações constrangedoras como dívidas ou favores não pagos, situações mal
resolvidas em que o “dito” passou pelo “não dito”, injustiças feitas por
pessoas de sua confiança e muitos outros males que nos causam tanta dor e que
estamos sujeitos a passar neste mundo. Contudo, há esperança para você! Use o
poder dado por Jesus na Cruz para vencer o maligno, a sua luta não é contra o
seu próximo e sim contra os principados e potestades das regiões celestes. Dê o
primeiro passo, coloque um ponto final. Perdoe o outro e acima de tudo, perdoe
a si mesmo.
O
ponto final também deve ser colocado nos vícios de muitos que estão na igreja
há anos, porém continuam lutando contra o cigarro, a bebida, a pornografia,
jogos de azar, a gula, e tantos outros. São pessoas que já foram confrontadas
pela Palavra de Deus, mas não se decidiram realmente pelo ponto final. Sei que
não é nada fácil terminar um assunto, pedir e liberar perdão e colocar uma
pedra sobre assuntos antigos. Contudo, é uma questão de decisão. Decida hoje
pela nova vida em Cristo!
Podemos
entender o ponto final como os limites que precisam ser demarcados em nossas
vidas. Não podemos viver sem a presença dos “nãos” os quais são de extrema
importância na formação do caráter psicossocial. Famílias estão sendo
destruídas por pais que não se sentem aptos a colocar limites em seus filhos; filhos
estão sendo destruídos por desconhecerem os limites que a família, sociedade e
até mesmo a igreja deveriam impor para eles; pessoas estão sendo destruídas por
não saberem dizer não.
Todos
passamos por fases na vida. O ciclo natural vai da infância, adolescência, juventude,
fase adulta até a velhice; em cada fase precisamos colocar pontos finais. É
muito complicado conviver com alguns adultescentes
– aquela pessoa que não finalizou a adolescência apesar de já estar avançado na
fase adulta – biologicamente vive como um adulto, no entanto, mentalmente ainda
se vê como adolescente, quando não, criança. Os pontos finais são bênçãos para
nossas vidas e apesar de indicar o encerramento de etapas desempenha um importante
papel em cada fase. Ninguém deseja permanecer na faculdade o resto da vida, o
desejo de todo universitário em sã consciência é concluir o curso e poder se
dedicar à profissão. O ponto final dá-nos esse direito. Não tenha medo dos pontos
finais, até aquele último das nossas vidas deve ser almejado por ser o momento
em que passaremos a viver eternamente com o nosso Deus!
Considerações finais
Ao
utilizarmos bem todas essas pontuações e contarmos com a ajuda de Deus,
certamente o sucesso virá em boa parte dos relacionamentos sejam eles de
amizade, familiar ou o conjugal. “Se você tem algo contra o seu irmão TENHA
PRESSA NA RECONCILIAÇÃO”. Então, antes de levar sua oferta ao Senhor lembre-se
de ir até aquele que te ofendeu e oferecer-lhe o perdão, temos a certeza de que
o retorno de Jesus Cristo será muito em breve e talvez amanhã seja tarde demais
para você se reconciliar com alguém. Outra
certeza que temos é que na Nova Jerusalém – a cidade que Deus preparou para nós
– não haverá nenhum tipo de desavença ou ódio, dissenção, fofocas, ou qualquer
tipo de sentimento contrário ao amor de Deus. Todos viverão em perfeita
comunhão. Isto significa que se você tem algo contra alguém ou você ou essa
pessoa não chegarão até o Céu. Sendo assim, apresse-se! O fim está próximo e
você não conhece o dia de amanhã. Não aceite carregar pendências, o ponto final
é saúde para o espírito e para os ossos.